O objetivo do presente estudo foi listar as espécies e as partes utilizadas como recursos medicinais no preparo de um xarope por mulheres da comunidade Quilombola de Remanso, Pantanal dos Marimbus, Lençóis, BA. O estudo foi desenvolvido em outubro de 2014 e junho de 2015, utilizando-se entrevistas semiestruturadas, turnê guiada, observação direta e participante e a técnica da bola-de-neve (snowball). Para o preparo do xarope, são utilizadas as folhas de alecrim da horta (Rosmarinus officinalis), alecrim do campo (Baccharis sp.), hortelã miúdo (Mentha piperita var. balsamea), hortelã graúdo (Plectranthus amboinicus), manjericão (Ocimum basilicum), arruda (Ruta graveolens), algodão (Gossypium herbaceum) e camará (Lantana camara); casca de canela (Cinnamomum zeylanicum), pau-ferro (Libidibia ferrea), angico verdadeiro (Anadenanthera colubrina) e umburana (Commiphora leptophloeos); flor do camará (Lantana camara); e sementes de noz-moscada (Myristica fragrans), pixurí (Licaria puchury-major), erva-doce (Foeniculum vulgare) e cravo (Dianthus caryophyllus), além de mel de abelha “italiana” (Apis mellifera). Para o preparo, o material botânico é lavado e submetido à fervura, após o que é coado, misturado ao mel e levado novamente à fervura. O xarope é utilizado para a prevenção e tratamento de diversas patologias, principalmente gripes, resfriados, pneumonias, dor de cabeça, além de ser considerado “fortificante”. Esse preparo tem sido utilizado na medicina popular do quilombo desde a segunda metade do Século XIX, mas infelizmente observa-se seu crescente desuso e desinteresse da juventude pelas plantas medicinais. São informações importantes para a adoção de medidas de conservação e um plano de manejo dos recursos naturais, incluindo-se as áreas quilombolas do Pantanal dos Marimbus.