Das 7.546 espécies de anfíbios atuais alocadas em três ordens (Anura, Caudata e Gymnophiona), Anura inclui aproximadamente 96% desta diversidade. Os anuros apresentam geralmente duas fases, uma larval aquática (girino) e uma adulta terrestre (sapo, rã ou perereca). Dentre os seis biomas que ocorrem no Brasil, a Caatinga ainda não tem atraído tanta atenção e tem sido considerado um bioma com baixa riqueza e endemismo. Estudos recentes desafiaram esta afirmação e revelaram que há um grande déficit de conhecimento acerca da biodiversidade nesse bioma. Em Alagoas, 64% dos municípios situados na Caatinga não apresentam se quer um registro de anuro. Apesar deste conhecimento incipiente sobre a anurofauna da Caatinga alagoana, 30 espécies de anuros (das 72 conhecidas para o estado), já foram registradas, porém são escassos os estudos acerca da biologia desses animais, principalmente em relação a sua fase larval. O grande número de espécies crípticas somada a falta de conhecimento das características diagnósticas de girinos dificultam a identificação utilizando apenas análise morfológica. Entretanto, uma abordagem molecular utilizando um fragmento do gene mitocondrial 16S rRNA (DNA barcode) vem auxiliando na identificação de girinos. Desse modo, o objetivo deste estudo foi verificar a eficiência do gene mitocondrial 16S rRNA como ferramenta para auxiliar na identificação de girinos da Caatinga alagoana. Para a análise molecular foi utilizado tecido da musculatura caudal de girinos coletados na Caatinga e zonas de transição no estado de Alagoas. Onze amostras tiveram o DNA genômico total extraído utilizando o método de extração com sais. Posteriormente foram realizadas reações em cadeia da polimerase (PCR) para a amplificação de 560 pares de base do gene mitocondrial 16S rRNA. As oito amostras funcionais foram purificadas com isopropanol e sequenciadas unidirecionalmente. As sequências foram editadas e alinhadas no software BioEdit juntamente com 49 sequências representando 26 espécies que já foram registradas para a área de estudo. Os dendrogramas foram gerados através do método Neighbour-Joining com o modelo de substituição nucleotídica Kimura-2-parâmetros (K2P) utilizando o software MEGA6. O espécime MUFAL12482 = Hypsiboas sp.5 apresentou haplótipo idêntico com Hypsiboas albomarginatus de Pernambuco e MUFAL12478 = Hypsiboas sp.4 apresentou distância genética de 3,5% com Hypsiboas faber do Brasil. Os espécimes MUFAL12476, MUFAL12477 e MUFAL12479 foram identificados morfologicamente como Dendropsophus minutus e sua identificação morfológica foi corroborada com a molecular (apresentaram haplótipos idênticos e se agruparam com coespecíficos apresentando menor distancia genética [1%] com um espécime do Maranhão e maior distância genética [3,5%] com um espécime da Bolívia). O espécime MUFAL12483 identificado morfologicamente como Phyllomedusa nordestina se agrupou com sequências da mesma espécie da Bahia apresentando distância genética de 3,9. Para a família Leptodactylidae espécime MUFAL12487 identificado morfologicamente somente a nível genérico (Leptodactylus sp.9) se agrupou com sequências de Leptodactylus fuscus (distância genética de 1,6% com o espécime de Pernambuco). Para a família Pipidae, o espécime MUFAL12485 identificado como Pipa carvalhoi se agrupou com coespecífico apresentando distância genética de 3,7%. A utilização do gene mitocondrial 16S rRNA como DNAbarcode se mostrou eficiente na identificação e/ou confirmação das espécies de anuros da Caatinga alagoana.