Historicamente, as florestas tropicais secas vêm passando por sérios problemas ambientais decorrentes principalmente de práticas humanas. No Brasil, insere-se nesse contexto a Caatinga - maior formação vegetacional seca do país. Um exemplo marcante dessas atividades humanas no semiárido nordestino se dá no desenvolvimento da caprinocultura, onde os rebanhos são criados em sistemas extensivos tradicionais, o que envolve uma grande quantidade de animais, ultrapassando muitas vezes a capacidade de carga dessas pastagens. Os caprinos, especialmente de criação, são comumente apontados como fontes de degradação da vegetação das regiões áridas do planeta, estando associados à redução do recrutamento, do crescimento, distribuição geográfica e capacidade de regeneração da vegetação. No entanto, o seu possível papel como dispersor em ambientes defaunados é negligenciado. Diante disso, este trabalho tem por objetivo geral investigar o poder germinativo de uma espécie arbórea comum no semiárido brasileiro: Spondias tuberosa, após passagem pelo trato gastrointestinal de caprinos. Sementes foram oferecidas a treze caprinos, alojados em um pequeno cercado. Todas as sementes regurgitadas e as dispostas nas fezes foram coletadas. Sementes controle e tratadas mecanicamente também foram testadas. Cerca de 69% das sementes foram recuperadas. A porcentagem média de germinação foi significativamente maior nas sementes que foram regurgitadas pelos caprinos em relação aos demais tratamentos. Já o tempo médio de germinação e o índice de velocidade de emergência foram estatisticamente diferentes nas sementes escarificadas mecanicamente. Nossos resultados indicam que sementes de Spondias tuberosa consumidas por caprinos apresentam um percentual de recuperação considerável em virtude do mecanismo de regurgitação das mesmas. Tal processo também é o responsável pelo aumento significativo do percentual germinativo da espécie, no entanto, por apresentar uma deposição agregada, acaba por diminuir as chances de estabelecimento das sementes do umbu na natureza, não sendo, portanto, um qdispersor legítimo.