Artigo Anais I CONIDIS

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-186X

IDENTIFICAÇÃO DE GRUPOS FUNCIONAIS DA FLORA LENHOSA DE ÁREAS EM REGENERAÇÃO NA CAATINGA: IMPLICAÇÕES PARA A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA

Palavra-chaves: RESTAURAÇÃO FLORESTAL, SEMIÁRIDO, DIVERSIDADE FUNCIONAL Pôster (PO) GT 02 - Riquezas naturais no semiárido: degradação e uso sustentável
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Publicado em 09 de novembro de 2016

Resumo

As florestas tropicais sazonalmente secas (FTSS) são consideradas os ecossistemas mais ameaçados, ao mesmo tempo em que são importantes para a conservação da biodiversidade, prestação de serviços ecossistêmicos e qualidade de vida das populações humanas. Essas biotas têm sofrido um processo histórico de degradação causado principalmente pelas atividades agrícolas, gerando um cenário de florestas que precisam ser protegidas e restauradas. Contudo, a porção brasileira da unidade fitogeográfica das FTSS da América do Sul, a Caatinga, no que se refere à restauração ecológica, carece de iniciativas com base científica. O objetivo deste estudo foi realizar o levantamento de atributos funcionais de uma vegetação lenhosa na Caatinga, identificando espécies em diferentes grupos funcionais, buscando um ponto de partida para a criação de estratégias de restauração condizentes com a realidade funcional e a dinâmica ecológica de FTSS. O estudo foi realizado no Parque Nacional do Catimbau, no Agreste de Pernambuco. Um inventário da flora lenhosa foi realizado em 15 áreas em regeneração natural, com diferentes idades de abandono e, em cinco sem histórico de uso antrópico, nas quais uma parcela de 50x20m foi demarcada. Foram verificadas a ocorrência e abundância das espécies ao longo do gradiente de sucessão, permitindo avaliações a respeito da adaptabilidade a ambientes mais ou menos favoráveis ao crescimento. Através da lista de espécies foram avaliados os seguintes atributos: capacidade de rebrotar, de fixar nitrogênio, de estabelecer associações micorrízicas, a síndrome de dispersão, polinizadores e/ou visitantes florais e tipo fenológico. Foram registrados 4897 indivíduos pertencentes a 99 espécies, com apenas Tamarindus indica (cultivada) como exótica. Fabaceae e Euphorbiaceae, Croton e Senna foram as famílias e gêneros mais ricos, respectivamente. Pityrocarpa moniliformis, Jatropha mutabilis, Poincianella microphylla e Piptadenia stipulacea foram as espécies mais abundantes em todo o inventário e demonstraram rusticidade. Juntamente com outras espécies como Croton argyrophyllus, Croton blanquetianus, Senegalia bahiensis e Aspidosperma pyrifolium, que são apontadas na literatura como tolerantes a elevados níveis de perturbação, podem ser usadas na primeira fase de plantios. Foram identificadas 14 espécies com capacidade de rebrota. Quatro espécies são nodulíferas, 10 micorrízicas, duas boas produtoras de serapilheira e algumas espécies perenes - esses atributos podem auxiliar na retenção e absorção de água, assim como no incremento de nutrientes ao solo das florestas secas, que tem justamente água e nutrientes como fatores limitantes ao crescimento. Por isso, a identificação das espécies com esses atributos pode ser importante para auxiliar no manejo de FTSS. Zoocoria e entomofilia foram as síndromes mais comuns entre as espécies. Propõe-se um grupo funcional de espécies atrativas à fauna, formado por zoocóricas e por espécies com flores visitadas por vertebrados. A identificação dos grupos funcionais é valiosa para o manejo de FTSS, guiando a forma mais adequada de uso das espécies e auxiliando na superação dos fatores limitantes ao crescimento, o que é fundamental para o sucesso da restauração. As informações aqui conquistadas podem ser um ponto de partida para pesquisas que busquem o desenvolvimento de um protocolo de restauração próprio para florestas secas e, precisam ser testadas em campo.

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