O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento das plantas medicinais do bioma Caatinga utilizadas por moradores de 40 comunidades rurais do município de Lagoa Grande, Pernambuco. Foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas com 111 informantes entre 26 e 93 anos registrando informações de 104 nomes populares de espécies botânica, incluindo também a forma de uso, as partes utilizadas e as indicações terapêuticas, além de coleta do material botânico para identificação e produção de exsicatas. As famílias com maior representatividade na pesquisa foram Fabaceae (12 spp.), Euphorbiaceae (05 spp.), Anacardiaceae, Bignoniaceae, Asteraceae (04 spp.) e Amaranthaceae (03 spp.) e as demais com duas ou uma espécie cada. A partir disso, elaborou-se um check-list de plantas medicinais dando ênfase às onze espécies medicinais mais citadas pelos entrevistados. No levantamento socioeconômico, verificou-se que a maioria dos entrevistados pertenciam ao sexo feminino (54,05%), além de serem casados (63,06%), não alfabetizados (50,45%) e possuírem a agricultura como fonte de renda (91,90%). Os dados encontrados revelaram a importância das plantas medicinais para aquela população no processo de cura, mesmo elas tendo acesso a um posto de saúde e medicamentos gratuitos (SUS), além de ressaltar que os estudos em etnobotânica são de grande relevância para pesquisa envolvendo questões de conservação de espécies, uma vez que essa área está inserida em um contexto de unidade de conservação na classificação de Refúgio de Vida Silvestre Tatu-Bola, bem como para registro do conhecimento popular para as futuras gerações, já que esse conhecimento vem perdendo-se ao longo do tempo devido o desinteresse dos mais jovens.