A história do camponês brasileiro é marcada por contradições, violência, desigualdades socioeconômicas e de gênero, entre outras. Podemos considerar o marco inicial das injustiças no campo a vinda de negros africanos e a utilização destes e dos índios para trabalharem forçadamente nas lavouras, que mesmo após sua libertação, continuaram reféns dos cabrestos dos grandes latifundiários. Um grupo, particularmente, foi ainda menos privilegiado e consequentemente um dos que mais teve capacidade de se organizar, sempre em sintonia com o surgimento de vários movimentos no campo: a mulher camponesa. Mulheres estas, que têm as mesmas jornadas de trabalho que os homens na plantação ou na criação de animais, e além disso ainda cuidam da casa e dos filhos. Este trabalho analisa o papel da mulher na liderança dos movimentos sem-terra no município de Monsenhor Tabosa – CE, município localizado no sertão central do estado do Ceará. Em meio a um contexto de seca, as mulheres assumem muitos papéis: presidente de sindicato rural, líderes quilombolas, diretoras e professoras de escolas do campo e escola indígena, ou são simplesmente mulheres comuns, que usaram da sua sabedoria e sensibilidade para conquistar igualdade e mudarem suas vidas e das pessoas que a cercam.