Apesar dos avanços alcançados nos últimos anos com a implantação de diversas políticas de assistência social voltadas às pessoas que vivem em condições de vulnerabilidade econômica, como “Bolsa família”, “Luz para todos”, dentre outros, há no Brasil, diversas áreas de assentamentos rurais, agricultura familiar e comunidades tradicionais que necessitam de intervenções específicas, do Estado ou de órgãos relacionados (Universidades), para reduzir a dependência assistencialista que sofrem. De forma geral, essa dependência é baseada na falta de recursos financeiros, o que os acaba privando de coisas básicas, que possibilitam uma vida mais saudável e digna. Na comunidade rural tradicional da Lagoa de São João, pertencente ao município Aracoiaba, localizado no Maciço de Baturité, Estado do Ceará, apesar dos comunitários terem acesso à luz e água tratada, pouquíssimas são as atividades econômicas desenvolvidas. Tal situação não impacta negativamente somente a população mais velha da comunidade, pais e mães chefes de família, mas principalmente os jovens que por não observarem possibilidades de desenvolvimento cultural, social e econômico, acabam se envolvendo em atividades que podem prejudicar suas vidas. Baseado no exposto e conhecendo a realidade dos jovens rurais da comunidade Lagoa de São João, propôs-se a realização deste projeto, que tem por objetivo realizar ações articuladas entre diferentes campos das ciências agrárias com o propósito de se estabelecer, de forma participativa, o desenvolvimento de uma agricultura fundamentada em princípios agroecológicos e sustentáveis que possam contribuir para o desenvolvimento da comunidade e empoderamento dos jovens rurais. Com a ação, além de oportunizar aos jovens participantes do projeto, um aprendizado participativo, os mesmos tem alcançado conhecimentos e experiências que poderão torná-los futuros agentes multiplicadores e modificadores da comunidade em que vivem. Para isso, cinco etapas principais foram propostas no projeto. A primeira trata da realização de um Diagnóstico Rural Participativo, em que diversas informações sociais, culturais, econômicas, dentre outras, foram levantadas através de visitas às famílias, no intuito de, além de desenvolver uma visão geral da comunidade, subsidiar com informações as demais etapas do projeto que estão focadas, principalmente, na troca de experiências com os jovens rurais da comunidade. Na segunda etapa, trabalhou-se com a caracterização e transformação dos resíduos orgânicos sólidos produzidos na comunidade. Esse trabalho de transformação foi feito por compostagem, sendo o produto final desta etapa utilizado para “alimentar” as etapas de produção de hortaliças (3ª) e culturas anuais e/ou oleaginosas (4ª). Tanto a segunda, quanto a terceira e quarta etapas, foram e estão sendo realizadas de modo que haja uma troca de experiência entre todos os agentes envolvidos na ação. Na quinta e última etapa, tem-se realizado pesquisa participativa com os jovens rurais. Essa atividade tem sido desenvolvida no intuito de dar a eles autonomia para desenvolverem pequenas experimentações simples independentemente do local em que estejam produzindo. Isso os permitirá levantar informações locais, sem dependência constante de agências de extensão ou de ações direcionadas de universidades.