Na Caatinga cerca de dois terços da utilização do bioma é voltado aos sistemas de produção animal. Isto se deve ao fato de que a criação de animais tem potencial de aproveitar mais os recursos do que o cultivo de plantas, convertendo a pecuária como a principal atividade econômica em regiões semiáridas. Do ponto de vista ambiental, o pastejo associado ao uso do fogo, assim como o próprio desmatamento, constitui um dos elementos que mais altera a estrutura dos ecossistemas, sendo uma das principais causas de degradação. Devido ao exposto e considerando a importância econômica da pecuária, torna-se fundamental uma melhor compreensão dos impactos sobre a biodiversidade. Portanto, objetivou-se avaliar a diversidade de répteis em uma área da Caatinga sujeita a diferentes níveis de desmatamento e na presença de pastoreio. O estudo foi realizado na Fazenda Luiz Gonzaga, no município de Parelhas, com dois níveis de desmatamento (desmatamento e sem desmatamento) comportando bovinos. Utilizaram-se 100 armadilhas (50 por cada área) de queda entre agosto de 2015 e julho de 2016. As revisões para a possível identificação dos organismos ocorreram nos períodos manhã e tarde. O mesmo procedimento foi realizado na Estação Ecológica do Seridó (ESEC) em uma área sem pastejo e desmatamento, utilizando 50 pitfall. Foram capturados 53 indivíduos no total, pertencentes a cinco espécies identificadas: Ameivula ocellifera, Tropidurus hispidus, Gymnodactylus geckoides, Hemidactylus brasilianus e Tropidurus semitaeniatus. Na área sem desmatamento capturaram-se 39 indivíduos (20 A. ocellifera; 16 T. hispidus; 1 G. geckoides; 1 H. brasilianus; 1 Tropidurus semitaeniatus) e na área de desmatamento recente, 14 indivíduos (10 A. ocellifera; 3 T. hispidus; 1 não identificado). Já na ESEC, foram capturados 36 indivíduos de três espécies: Ameivula ocellifera, Tropidurus hispidus e Tropidurus semitaeniatus, num número de 23, 12 e 1 indivíduo, respectivamente. Analisando os resultados, nota-se que o efeito do pastejo diminuiu a riqueza de espécies e a abundância dos indivíduos de cada espécie, e que o desmatamento se reflete principalmente na riqueza de espécies e na proporção relativa do número de indivíduos de cada espécie. Nas áreas sem desmatamento, a riqueza de espécie foi maior e os indivíduos estão mais igualmente distribuídos pelas espécies que nas áreas com desmatamento, o que pode estar relacionado com os hábitos arborícolas ou semi-arborícolas de algumas espécies (p.e., T. hispidus e H. brasilianus), onde as abundâncias diminuem justamente em áreas que sofreram desmatamento.