GEOGRAFIA EM CENAS E CENÁRIOS: O Teatro como promotor do ensino e aprendizagem em Geografia Maria Aurislane Carneiro da Silva/ aurislanemcsilva@gmail.com /Universidade Federal do Ceará -UFC Eixo Temático: 1. Processo de Ensino e Aprendizagem Resumo O presente trabalho tem como objetivo apresentar o teatro como aplicativo didático na construção do ensino e aprendizagem em Geografia a partir de uma experiência de Estágio supervisionado em Geografia III realizado no segundo semestre de 2017. Junto aos alunos do 9ºano do ensino fundamental II da escola Patronato Sagrada Família, Fortaleza-CE, o estágio como pesquisa seguindo a perspectiva de Pimenta e Lima (2009) se ateve a investigar o espaço escolar como um todo, bem como o ensino de geografia presente nele, tendo o teatro como principal instrumento para a aproximação entre professor(a) - aluno(a)-conteúdo-realidade ao entendermos a aula como um momento de troca de conhecimentos entre personagens que interagem e se configuram intelectual e subjetivamente. Assim, o Teatro em sua composição subjetiva se estabelece nas relações entre realidade e imaginação, pois não importa o quanto real seja a ação representada o teatro revelará sempre o seu lado fantasioso, por ser uma arte, por promover o entretenimento e despertar emoções nos mais diversos públicos. Dessa forma, trabalhar com o teatro no ensino de Geografia neste estágio, representou a oportunidade de promover ao lado dos alunos das três turmas acompanhadas momentos de incentivo a reflexão, criticidade, criatividade e produção de conhecimento geográfico. De acordo com Bula e Aguiar (2009) o teatro é uma forma de o aluno compreender melhor o conteúdo, considerando que este não o devora de uma vez só, mas o aprende gradualmente, podendo também relacioná-lo com o cotidiano e acrescentar nele a sua linguagem, facilitando o processo de aprendizagem. Atrelado ao ensino de Geografia o teatro possibilita a formação do aluno pesquisador, ao oferecer a ele a oportunidade de pesquisar geograficamente determinado assunto e fazer dele uma arte, arte essa que discute a ação do homem dentro do espaço. Portanto, como Bula e Aguiar (2009) apontam, o teatro se constitui da soma dos estudos, planejamento e trabalho em equipe, envolvendo tanto o caráter prático dos alunos quanto sua disponibilidade emocional para vivenciar uma realidade que não é (mesmo sendo) a deles, e por isso foi escolhido aqui como aplicativo didático para as regências. A realização deste aplicativo se configurou como resultado de uma sequência de aulas relacionadas ao tema "África: marcas do passado, desafios do presente" apresentado no livro didático utilizado pela escola, aulas estas pautada nas discussões dos aspectos naturais, históricos, econômicos, políticos e culturais da África com ênfase nas relações entre Brasil e África, devido a necessidade de se desmistificar o pensamento eurocêntrico de que só os europeus contribuíram positivamente para a formação do povo brasileiro e assim, a cultura, a religião puderam ser exaltados nesse processo e representadas nas peças teatrais. Em suas peças os alunos precisaram esclarecer os momentos históricos, os aspectos ambientais e referências culturais, aspectos sociais e econômicos do ambiente e dos personagens que criaram. Da mesma forma, puderam caracterizar-se e produzirem um cenário, com músicas e/ou danças para compor suas apresentações, visto que a escola dispõe de um pequeno auditório onde foram realizadas as apresentações com duração estimada de 20 minutos e estavam expressar suas impressões e críticas ao tema. Se o auditório estivesse indisponível ou não, as peças poderiam ser apresentadas em proporções menores. De modo geral os alunos receberam bem a atividade, fato que repercutiu na efetivação das representações teatrais por todas as 6 equipes formadas nos três 9º anos. Dentre os assuntos apresentados destacam-se a escravidão estabelecidas nas raízes dos dois países estudados (Brasil e África) e o racismo visto como um reflexo do preconceito criado historicamente pelo período anteriormente citado. Além disso, a musica, a religião, a dança e a cultura de matriz africana foram representadas com o intuito de valorizar a identidade negra na construção da nossa sociedade, conduzindo os alunos a uma reflexão ampla sobre sua formação cidadã individual e coletiva no meio social. Contudo, Utilizar o Teatro como aplicativo didático é uma maneira interessante de construir o conhecimento e pode sim, ser escolhido como ferramenta de ensino e aprendizagem por professores dos mais diversos contextos sociais. No entanto, é necessário entender que as dificuldades estruturais, organizacionais e até mesmo a falta de espaço e tempo para as mais diversas atividades educacionais existem nas diferentes escolas públicas brasileiras, e junto a isso, o não reconhecimento financeiro e social do (da) professor(a) pelos órgãos governamentais prejudicam a atuação desses profissionais no ambiente heterogêneo e multicultural que compreende a escola. É reconfortante encontrar diante desse quadro desolador da educação atual, educadores preocupados com a formação intelectual, crítica e social de seus alunos, que procuram se libertar das amarras do livro didático e buscam das mais diversas formas possíveis construir um conhecimento diferenciado junto aos seus alunos, como foi o caso da professora acompanhada durante este estágio, que a partir de um trabalho coletivo pudemos dentro de um contexto escolar marcado pela religião católica falar sobre a cultura africana de modo lúdico através do teatro. Por fim, é essencial que possamos motivar os alunos a gostar e a aprender Geografia, pois como Oliveira (2011) aponta se continuamos enquanto professores realizando trabalhos artesanais reduzidas a instruções, apresentadas muitas vezes pelo livro didático, qualquer profissional poderá tomar o lugar do professor em sala de aula. Palavras-chave: Estágio. Geografia. Ensino. Teatro. Referências BURLA, Gustavo. AGUIAR, Valéria Trevizani Burla de. O Teatro e o Ensino de Geografia. In 10º ENG 2009 OLIVEIRA, Chistian Dennys Monteiro de. Para pensar cultura escolar a partir da periferia globalizada. In: NUNES, Flaviana Gasparotti. Ensino de geografia: novos olhares e práticas. (Org) Dourados, MS : UFGD, 2011. Pag. 129 à155. PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009.