Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

RELATOS DE REGÊNCIA: UMA OBRA COLETIVA

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A ideia deste trabalho surgiu a partir da disciplina de Geografia que aborda aspectos sobre a globalização e a construção do espaço geográfico contemporâneo, a construção da aula foi realizada em conjunto por estagiários do Pibid (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) e a professora responsável pelos mesmos na escola. Os professores deviam fazer com que seus conteúdos fossem contínuos através de abordagens diferenciadas, como uma aula de campo em que seus alunos conseguissem compreender, nos espaços, todos aqueles saberes e conhecimentos abordados em sala de aula ao longo de sua vida e cotidiano. A aula não é um produto com fim em si mesmo, algo pré-determinado, é um processo que deve levar em consideração todos os agentes e fatores envolvidos, deve ser um ato de amor, deve haver envolvimento e continuidade, a aprendizagem é contínua (Sousa Neto, 2001). E A aula de campo, como estudo prático, proporciona aos estudantes a compreensão e a relação entre saber teórico, aprendido em sala de aula, com o concreto observado e analisado em campo, possibilitando uma percepção mais aguda e a obtenção de novas experiências. Assim, antes da aula de campo de fato acontecer, foram dadas quatro aulas sobre temas relacionados ao local a ser explorado para que fossem abordados com os alunos alguns direcionamentos do trabalho de campo e o início de uma percepção crítica acerca da localidade. As aulas pré-campo foram divididas em: Introdução sobre a Vila de Regência; Recorte histórico-espacial da tragédia ambiental em Mariana-MG; Consequências da tragédia ambiental no rio Doce; Exibição de vídeos e documentário. A partir dessas aulas os educandos puderam ter uma noção espacial acerca do local, entendimento da história de Regência e sua importância, sobre fatos curiosos e sobre pessoas que marcaram a identidade do local. Também, como rejeitos de minério de ferro puderam ferir com todo o modo de vida de uma comunidade, através da exibição de vídeos, como o clipe da música "Cacimba de mágoa - Falamansa e Gabriel O Pensador" e documentário sobre a chegada da lama no vilarejo. Todas as aulas com o tempo de 50 minutos. A partir disso, foi proposto que os discentes observassem e procurassem compreender a dinâmica socioespacial de Regência Augusta, analisando o espaço geográfico e as relações de trabalho existentes. Também, compreender como a tragédia ambiental no rio Doce afetou, e ainda afeta, a região e seus habitantes. Massey (2008) define o espaço como uma "multiplicidade de estórias-até-agora". O espaço resulta das relações que nele acontecem e essas relações só existem e vivem em um espaço que tenha pluralidade e dinamismo, não sendo imóvel. A comunidade de Regência no município de Linhares-ES encontrava nas atividades pesqueiras, na foz do Rio Doce, sua principal fonte de subsistência e que alimentava também a dinâmica cultural e econômica do local. O rompimento da Barragem Fundão, administrada e controlada pela empresa Samarco Mineração S.A cujas donas são: Vale e BHP Billiton, em Bento Rodrigues na cidade de Mariana-MG despejou rejeitos de minério de ferro que se juntou ao rio Doce, sendo levado até sua foz em forma de "lama". Com quase três anos após o crime ambiental no rio Doce, a pesca continua proibida na foz, em Regência Augusta no município de Linhares, norte do estado do Espírito Santo. Os pescadores recebem um auxílio da Fundação Renova, fundação criada pela Samarco, Vale e BHP, que não é suficiente para quitar com todas as despesas. Além disso, o turismo e o comércio estão muito enfraquecidos na vila. Tendo como ponto de partida as análises e discussões em campo, os educandos foram divididos em grupos, cada grupo com uma responsabilidade diferente de observação do local, posteriormente fizeram conexões com as observações dos demais. Buscando debater sobre os processos de formação do espaço e da interferência antrópica no meio ambiente, os alunos fizeram anotações, filmagens e fotos durante o trabalho de campo, a fim de desenvolver uma obra coletiva. Esse projeto consistiu na elaboração de um livro que conta com roteiro, exposição de fotos, poemas, paródias, músicas, desenhos, relatos de moradores, reportagens, anotações e depoimentos sobre as vivências e saberes adquiridos pelos discentes durante a aula de campo. Isso com intuito de demonstrar uma linguagem geográfica diversa por parte dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, dando importância ao modo como observaram, compreenderam e viveram o espaço, expondo suas visões singulares de mundo. A atividade resultante deste projeto foi exposta e apresentada em forma de leituras de poemas, apresentação teatral e apresentação de fotos e vídeos documentando o local visitado para todos os alunos do colégio, junto a outras atividades, no Sarau Geográfico que também foi organizado pelos estagiários do Pibid e a professora responsável. Todos exercem geografias diferentes, todos têm pensamentos espaciais únicos e a sala de aula, e a aula de campo, proporcionaram o compartilhamento dos mesmos, através de conversas entre alunos e alunos, alunos e professores, uns aprendendo com os outros. A professora foi mediadora e potencializadora dos saberes e conhecimentos colocados em aula nesse processo de aprendizagem-ensino/ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Regência, tragédia ambiental, ensino de geografia. Referências MASSEY, D. Pelo Espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand, 2008. 312p. SOUSA NETO, M. F. A Aula. 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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

RELATOS DE REGÊNCIA: UMA OBRA COLETIVA Mariana Simonassi Erlacher [1]/marianasimonassi1@gmail.com/Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Eixo Temático: Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes Resumo O presente trabalho consiste no relato de uma aula, de campo, no município de Linhares-ES, na Vila de Regência (foz do rio Doce), na qual, através de uma didática de cunho teórico e prático, buscou-se promover, para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da E.M.E.F. Aristóbulo Barbosa Leão (Vitória-ES), discussões acerca dos elementos geográficos presentes no local e as mudanças que ocorreram no vilarejo após a tragédia ambiental em Mariana-MG que afetou o rio Doce. A ideia deste trabalho surgiu a partir da disciplina de Geografia que aborda aspectos sobre a globalização e a construção do espaço geográfico contemporâneo, a construção da aula foi realizada em conjunto por estagiários do Pibid (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) e a professora responsável pelos mesmos na escola. Os professores deviam fazer com que seus conteúdos fossem contínuos através de abordagens diferenciadas, como uma aula de campo em que seus alunos conseguissem compreender, nos espaços, todos aqueles saberes e conhecimentos abordados em sala de aula ao longo de sua vida e cotidiano. A aula não é um produto com fim em si mesmo, algo pré-determinado, é um processo que deve levar em consideração todos os agentes e fatores envolvidos, deve ser um ato de amor, deve haver envolvimento e continuidade, a aprendizagem é contínua (Sousa Neto, 2001). E A aula de campo, como estudo prático, proporciona aos estudantes a compreensão e a relação entre saber teórico, aprendido em sala de aula, com o concreto observado e analisado em campo, possibilitando uma percepção mais aguda e a obtenção de novas experiências. Assim, antes da aula de campo de fato acontecer, foram dadas quatro aulas sobre temas relacionados ao local a ser explorado para que fossem abordados com os alunos alguns direcionamentos do trabalho de campo e o início de uma percepção crítica acerca da localidade. As aulas pré-campo foram divididas em: Introdução sobre a Vila de Regência; Recorte histórico-espacial da tragédia ambiental em Mariana-MG; Consequências da tragédia ambiental no rio Doce; Exibição de vídeos e documentário. A partir dessas aulas os educandos puderam ter uma noção espacial acerca do local, entendimento da história de Regência e sua importância, sobre fatos curiosos e sobre pessoas que marcaram a identidade do local. 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