ANÁLISE DOS FATORES QUE AFETAM A PERMANÊNCIA E ÊXITO EM UM CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
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Porém, este avanço não foi acompanhado pelas políticas de permanência e êxito. De acordo com o Relatório Anual de Análise dos Indicadores de Gestão das Instituições Federais de Educação Profissional Científica e Tecnológica, o índice de eficiência na conclusão dos cursos foi de 47,02% em 2016, e este valor só não é menor devido aos cursos técnicos integrados, que auxiliam esta média a subir, com índices maiores que 85% (BRASIL, 2017). Sabe-se que são muitas as dificuldades de concluir o ensino superior, por isso, com o intuito de investigar a motivação dos alunos do curso de Licenciatura em Química do IFTM, surgiu a ideia de elaborar um questionário sobre permanência e êxito. Este questionário contou com uma série de perguntas e afirmativas, entre elas, motivo de escolha do curso e situações que, em algum momento, desmotivaram o aluno, como dúvidas durante a escolha do curso, problemas familiares e financeiros, frustração quanto ao curso, postura de certos professores, isolamento e desavenças em sala de aula, dificuldade e reprovação em determinadas disciplinas, falta de tempo e cansaço gerados pelo emprego e o desejo de mudar de curso. Além dessas questões, aplicou-se uma tabela de afirmativas com a Escala Likert, onde o entrevistado escolhe se discorda (totalmente ou parcialmente) ou concorda (totalmente ou parcialmente) com essas afirmativas. O questionário foi aplicado para 50 alunos de 2°, 4° e 6° períodos. Dos 50 alunos, 35 citaram como motivo de escolha do curso, gostar de química ou de ciências exatas, 13 afirmaram gostar da docência, 11 pelas oportunidades no mercado de trabalho, 9 pela influência dos pais, professores e amigos, e apenas 3 citaram outros motivos (nota do ENEM, falta de opção e simplesmente para ter um curso superior). Dentre as situações que causaram desinteresse durante o curso, destacam-se a postura de certos professores, com 34 respostas; a dificuldade em determinadas disciplinas, com 31 respostas e o trabalho, com 21 respostas. Ao verificar na tabela com a Escala Likert, as respostas foram bem coerentes entre as três situações que mais causam desinteresse no curso. A primeira situação, relacionada à postura dos professores, apareceu com 45 respostas como "concordo parcialmente ou totalmente". A segunda, relacionada à dificuldade em disciplinas, com 30 respostas entre "concordo parcialmente ou totalmente". E a terceira, relacionada ao trabalho, com 26 respostas entre "concordo parcialmente ou totalmente". Outros fatores não tiveram dados tão pronunciantes, mas também são importantes para compreender as causas da evasão escolar. Alguns alunos afirmaram não ter apoio da família para cursar uma licenciatura. Esta falta de apoio se justifica na grande desvalorização cultural dos profissionais da educação em comparação com outros profissionais. Diariamente é possível ver casos de agressões a professores, greves por melhores condições de trabalho, afastamentos por estresse, depressão e outros problemas psicológicos. Por isto, alguns não querem que seus filhos façam um curso de licenciatura, por acreditar que não conseguirão uma ascensão financeira na área. Comparando os resultados dessa pesquisa com o artigo de Bardagi e Hutz (2009) "Não havia outra saída: percepções de alunos evadidos sobre o abandono do curso superior", publicado na revista Psico-USF, que trata da evasão escolar no ensino superior, destaca-se como motivo decisivo de desistência, os problemas com professores, destacando o trecho "problemas de relacionamento (envolvimento negativo com colegas e professores e existência de conflitos) e choque de valores e estilo de vida com as pessoas e ambientes característicos da área (quando confrontados com a filosofia de trabalho, tipos de ambientes, colegas)". No artigo de Prim e Fávero (2013), "Motivos da evasão escolar nos cursos de ensino superior de uma faculdade na cidade de Blumenau", publicado na revista E-Tech, o motivo de evasão que mais aparece é o de reprovação em disciplinas do curso, notando-se que a evasão é resultante de uma exigência educacional da instituição. Já no trabalho de Andriola, Andriola e Moura (2006), "Opiniões de docentes e de coordenadores acerca do fenômeno da evasão discente dos cursos de graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC)", publicado na revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, o motivo de evasão que se destaca é o trabalho. As comparações com artigos que tratam do mesmo assunto, sugerem que essas situações são comuns em outros locais e cursos, deixando um alerta para tentar sanar essas dificuldades, evitando que ocorram evasões no curso de Licenciatura em Química. Nos últimos 16 anos houve um grande avanço no acesso da população aos cursos superiores, porém, surge a necessidade de programas de permanência e êxito dentro das Universidades e Institutos Federais que sejam realmente efetivos e, acreditamos que estes programas incluem, principalmente, a formação dos professores e políticas de assistência estudantil. Palavras-chave: Permanência, licenciatura em química, formação continuada. Referências ANDRIOLA, Wagner Bandeira; ANDRIOLA, Cristiany Gomes; MOURA, Cristiane Pascoal. Opiniões de docentes e de coordenadores acerca do fenômeno da evasão discente dos cursos de graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ensaio, Rio de Janeiro, v.14, n.52, p. 365-382, jul./set. 2006. Disponível em: BARDAGI, Marucia Patta; HUTZ, Cláudio Simon. "Não havia outra saída": percepções de alunos evadidos sobre o abandono do curso superior. Psico-USF, São Paulo, v.14, n.1, p. 95-105, abr. 2009. Disponível em: BRASIL. Relatório Anual de Análise dos Indicadores de Gestão das Instituições Federais de Educação Profissional Científica e Tecnológica. Ministério da Educação, p. 1-61, out. 2017. Disponível em: PRIM, Alexandre Luis; FÁVERO, Jéferson Deleon. Motivos da evasão escolar nos cursos de ensino superior de uma faculdade na cidade de Blumenau. E-Tech, Florianópolis, n. especial educação, p. 53-72, dez. 2013. 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