ELEMENTOS DA CULTURA POP EM MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: PROPOSIÇÕES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS Stella Chrystine Camara dos Santos/ stellacamara6@gmial.com/ UFMA Marcos Vinicius Marques da Silva/UFMA Eixo Temático: Processos de Ensino e Aprendizagem Resumo: O Ensino de Ciências enfrenta dificuldades que podem estar relacionadas ao fato de que seus assuntos são tratados de forma desvinculada da realidade e dos fenômenos vivenciados pelos alunos. Uma possível maneira de aproximar os alunos do conteúdo científico é através da Divulgação Científica (DC). A DC pode ser entendida como o processo de difundir as informações científicas, produzidas na academia, para o público geral democratizando a ciência e tornando-a como parte do cotidiano da sociedade (ZAMBONI, 2001). Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar os possíveis elementos da cultura POP em vídeos de Divulgação Científica e suas possibilidades para o Ensino de Ciências. Este estudo apresenta uma abordagem qualitativa. Tal abordagem parte de questões amplas que se definem à medida que o estudo se desenvolve, preocupa-se em compreender o processo em que ocorre a situação estudada e não o produto e envolve a obtenção de dados descritivos obtidos a partir do contato direto do pesquisador com a objeto de estudo (BOGDAN; BIKLEN, 1994). Ainda, corresponde a uma pesquisa do tipo documental. McCullogh (2004) aponta que essa tipologia pode ser entendida como a análise de documentos, incluindo a este aspecto, aqueles documentos de natureza física, bem como, os de natureza eletrônica. O objeto de estudo foi o canal "Nerdologia" da plataforma de compartilhamento de vídeos na internet "YouTube". A escolha deste canal para a realização de nossas análises se deu por este ser um canal brasileiro de DC com maior número de inscritos. Ele é feito pela produtora de vídeos Amazing Pixel e conta com a pesquisa e apresentação do Biológico - Átila Iamarino. O Nerdologia está em atividade desde 2013, apresentando uma programação semanal sobre diversos temas acerca das Ciências. Atualmente, os episódios estão divididos em 15 playlists diferentes, para via de análises sistemáticas escolhemos a playlist "Quadrinhos e heróis". As análises ocorreram por meio de duas fases, a primeira consistia em realizar uma retextualização de todo o áudio do vídeo, relacionando o texto e as representações gráficas presente em cada episódio; a segunda fase consistia em analisar as possíveis referências da cultura pop utilizadas em texto e representações gráficas. A partir disto, foram analisados três episódios, os quais foram escolhidos para compor o trabalho por ter o maior número de visualizações, a citar: 1° - "Qual o soco mais forte?"; 2° - " Como ganhar superpoderes ?"; 3° - "A armadura do Homem de Ferro", os episódios possuem a duração mínima de seis minutos e a máxima de sete minutos. O primeiro episódio analisado trabalha os tema sobre física que contemplam os assuntos de massa, energia, força e velocidade a partir da comparação de três personagens das histórias em quadrinhos; o segundo aborda os temas de genética, mutação e desenvolvimento embrionário por meio da comparação da origem dos diversos super heróis; já o terceiro episódio versa sobre a interdisciplinaridade entre química, física e biologia. Todos os três vídeos usam artifícios parecidos que se repetem nos outros vídeos do canal, assim, possuem como base algo já conhecido pelo público, perpassando algo análogo ao seu cotidiano até chegar a referências mais sofisticadas e elaboradas para a explicação de temas mais complexos como, por exemplo, no primeiro vídeo em que é utilizado a expressão: "fanboy" durante a apresentação do narrador do episódio, também o uso de metáforas como "terreno espinhoso" ao se colocar sobre o que seria discutido e ao explicar a fórmula de energia é colocado em sua aplicação o exemplo o herói "Flash", concatenado a isto ainda temos o uso de memes e gifs para tornar o episódio mais descontraído. Zamboni (2001), Queiroz e Ferreira (2013), ao fazerem análises das características composicionais da DC, atribuem ao uso de termos mais coloquiais e jargões um aspecto denominado tom do discurso. Este, faz com o que a linguagem utilizada se aproxime mais do público alvo, deixando-o mais leve. Para a autora Zamboni (2001), os materiais de DC se apresentam como uma produção própria que é resultado dos autores e seu contexto de produção, uma vez que os materiais analisados são produzidos na/para a internet, eles tendem a buscar mais recursos que sejam parecidos com o seu meio. Rezende (2008), coloca que a DC tem sido utilizada apenas para ilustrar ou apresentar, limitando esse material. No entanto, este paradigma vem sendo quebrado e discutido por pesquisas que mostram a possibilidade do uso da DC como recurso didático e seu potencial no Ensino de Ciências para a alfabetização científica e como promotora de discussões atuais (PIASSI et al, 2013, FRAGA; ROSA, 2015). Elementos que fazem referência a cultura POP e sua linguagem já vem sendo utilizados dentro dos materiais de DC de modo a torná-los cada vez mais atrativos ao público e para que se tenha um apelo ao que está sendo discutido na Ciência. A incorporação dos recursos audiovisuais como vídeos de DC no Youtube para o Ensino de Ciências está em discussão em diversos contextos para a sua utilização como estratégia educacional, que se mostra válida, desde que utilizada de forma crítico-reflexiva e contextualizadora no ensino. Palavras-chave: Ensino de Ciências, Recurso Educacional, Popularização da Ciência Referências BOGDAN, R.; BIKLEN, S. K. Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. 1 ed. Porto: Porto Editora, 1994. FERREIRA, L. N. F.; QUEIROZ, S. L. Textos de Divulgação Científica no ensino de Ciências: Uma revisão. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v. 5, n.1, p 3-31, 2013. FRAGA, F. B. F. F; ROSA, R. T. D. Microbiologia na revista Ciência Hoje das Crianças: análise de textos de divulgação científica. Ciencia& Educação, v. 21, n. 1, p. 199-218, 2015. MCCULLOCH, G. Documentary research: In education, history and the social sciences. Routledge, 2004. PIASSI, L. P. C., et al. A ficção científica e o estranhamento cognitivo no ensino de ciências: estudos críticos e propostas de sala de aula. Ciência and Educação, v. 19, n. 1, p. 151-168, 2013. REZENDE, L. A. . História das ciências no ensino de ciências: contribuições dos recursos audiovisuais. Ciência em tela, v. 1, n. 2, p. 1-7, 2008. ZAMBONI, L. M. S. Cientistas, jornalistas e a divulgação científica: subjetividade e heterogeneidade no discurso da divulgação científica. Campinas: Editores Associados, 2001.