Formação Inicial e Continuada de Educadores no Programa Brasil Alfabetizado da cidade de Paquetá-PI José Nilton de Araújo Gonçalves josenilton.ifpi@hotmail.com Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas Resumo A falta de leitura e da escrita no Brasil caracteriza-se como um problema social, cultural e econômico e tem raízes desde a colonização, quando senhores, mesmo proprietários de terras não dominavam a leitura e a escrita. A leitura vem se tornando indispensável à vida cotidiana e à formação de laços sociais, e constitui-se uma exigência ainda mais importante na esfera profissional (MOTTA, 2011). Cabe ressaltar, que a característica de exclusão social não se restringe aos que não aprenderam a ler e a escrever, mas também se estende àqueles que embora possuam habilidades de leitura e de escrita, não conseguem fazer uso pleno dessas habilidades em suas atividades e práticas sociais (RIBEIRO, 2006). A capacitação para o uso da leitura e escrita torna-se cada vez mais importante para a expressão plena da cidadania (ROSSO et al., 2011). A demanda por alfabetizar e instrumentalizar esses jovens e adultos é um compromisso não só dos administradores governamentais, universidades, professores, como também de toda a sociedade e do próprio aluno. Para superar o analfabetismo e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade, foi criado em 2003 o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), que tem por objetivo promover a superação do analfabetismo e contribuir para a universalização do ensino fundamental no Brasil. Sua concepção reconhece a educação como direito humano e a oferta pública da alfabetização como porta de entrada para a educação e a escolarização das pessoas ao longo de toda a vida (BRASIL, 2004). Os alunos do PBA são jovens com 15 anos, adultos e idosos que de alguma maneira, foram excluídos do processo de escolarização, seja na infância ou mesmo na vida adulta (BELO, 2013). Esses jovens, adultos e idosos, embora não se reconheçam como analfabetos, têm consciência da falta de habilidades de leitura e de escrita e, portanto, voltam à escola para obter aquilo que acreditam que a ampliação de seus conhecimentos pode lhes proporcionar: ascensão social, possibilidade de melhor colocação no mercado de trabalho, ampliação e conquista de novas habilidades. Não se consideram cegos para as letras, mas admitem que o aprendizado alcançado anteriormente não lhes garantiu a independência e a inclusão social desejada. Reconhecem que seus níveis de leitura e de escrita os coloca sempre em posição de desvantagem perante aqueles que dominam essas habilidades (ESTEVES, 2014). O Programa de alfabetização de jovens, adultos e idosos da cidade de Paquetá, Piauí foi implantado em 2007 através da mobilização de vários setores da sociedade. Em quase uma década de trabalho o Programa já alfabetizou mais de 1.000 mil pessoas. O PBA tem duração de oito meses, com carga horária de 320 horas e exige Formação Inicial e Continuada para os alfabetizadores e coordenadores de turmas, visando o aprimoramento do planejamento pedagógico, e do acompanhamento dos alfabetizandos e das práticas de alfabetização em sala de aula, atendendo o que estabelece a Resolução/CD/FNDE nº. 9 de 16 de dezembro de 2016 do PBA (BRASIL, 2016). O Curso de Formação Inicial foi ministrado pela equipe formadora de modo presencial e o mesmo foi ofertada em duas etapas. A primeira etapa foi realizada com os coordenadores de turmas através de palestras, estudos, trabalhos dirigidos, apresentações e oficinas. A Formação Inicial teve duração de 40 horas, sendo 34 horas de formação para alfabetização e 6 horas de capacitação para o Programa Olhar Brasil, destinado a atender as especificidades dos coordenadores de turmas. A outra etapa foi realizada com os alfabetizadores, com a mesma carga horária, e dedicada aos fundamentos, princípios e métodos de alfabetização de jovens e adultos, além de capacitá-los para a aplicação dos exames de triagem de acuidade visual, conforme as orientações do Projeto Olhar Brasil. Esta etapa tratou dos seguintes temas: conceitos gerais do programa brasil alfabetizado; o papel do alfabetizador e alfabetizador coordenador; memórias de alfabetização; o primeiro dia de aula; métodos de alfabetização de adultos; o ambiente de alfabetização; matriz de referência do programa brasil alfabetizado: teste cognitivo de entrada e saída; elaboração de estratégias para potencializar o uso dos resultados do teste cognitivo de entrada para planejar e encaminhar o trabalho de alfabetização em sala de aula; planejamento pedagógico; projeto olhar brasil; agenda territorial; economia solidaria; agricultura familiar; registro civil, transporte escolar e merenda escolar; projeto pescando letras; processo de avaliação; diversidades afro-brasileiras e indígenas; oficinas de leitura, escrita e matemática. A Formação Continuada ocorreu mensalmente nas diretorias de ensino com duração de 8 horas, totalizando 64 horas de aprofundamento na dimensão pedagógica e acompanhamento do planejamento da ação alfabetizadora. Os encontros de Formação Continuada trataram dos seguintes temas: redução da mortalidade infantil, testes cognitivos comentados; concepções e metodologias de alfabetização; competências básicas em alfabetização; aprendizagem de adultos; combatendo a evasão; função social da leitura; seminário de alfabetização e continuidade dos estudos na Educação Jovens e Adultos (EJA). A metodologia adotada para a ação da alfabetização de jovens, adultos e idosos se procedeu de forma contextualizada, articulando as diferentes áreas do conhecimento, com ênfase em alfabetização em língua portuguesa e matemática. Nesta perspectiva, a orientação inicial ao alfabetizador, foi de conhecer o grupo a se alfabetizar, isto é, realizar um diagnóstico inicial, para reconhecer a importância do conhecimento e da experiência dos alfabetizandos, o valor cultural de suas linguagens e a especificidade do aluno jovem, adulto e idoso nos procedimentos utilizados na alfabetização. O Curso de Formação Inicial e Continuada aos alfabetizadores e coordenadores de turmas, capacitou 6 alfabetizadores e 1 coordenador de turmas no município de Paquetá-PI, visando alfabetizar 100 pessoas conforme o Plano Plurianual de Alfabetização (PPALFA). Este curso proporcionou momentos de formação, aprofundamento pedagógico e socialização de experiências em alfabetização de jovens e adultos, representando um momento importantíssimo para o aprimoramento da leitura e para o desenvolvimento da ação alfabetizadora, visto que o Programa atua com voluntários e que por vezes não possuem experiências com alfabetização de jovens e adultos. Palavras-chave: analfabetismo, alfabetização, PBA, evasão escolar. Referências BELO, Josefa Erigra. O coordenador pedagógico no Programa Brasil Alfabetizado: desafios e contribuições. 2013. BRASIL. Orientações Gerais do Programa Brasil Alfabetizado. Brasília. MEC, 2004. BRASIL. Resolução/CD/FNDE nº. 9 de 16 de dezembro de 2016. Brasília, DF, 2016. ESTEVES, João Baptista Silva. Os desafios da EJA nos dias atuais: um novo olhar além das grades. Disponível em: https://repositorio.ucb.br/jspui/handle/10869/5141. Acesso em: 02 de outubro de 2018. MOTTA, Gardênia de Oliveira; ALEXANDRE, Ivone Jesus. LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL: um estudo de caso em uma escola pública. Eventos Pedagógicos, v. 2, n. 2, p. 84-91, 2011. RIBEIRO, Vera Masagão. Analfabetismo e alfabetismo funcional no Brasil. Boletim INAF. São Paulo: Instituto Paulo Montenegro, p. 5-8, 2006. ROSSO, Ademir et al. Letramento docente: leitura e escrita do mundo e da escola. Revista Interacções, p. 114p.-134p., 2011.