As questões ambientais se tornam, nos dias atuais, um infortúnio de saúde, uma vez que a sociedade procura ascender-se economicamente, muitas vezes sem a preocupação necessária com o meio natural. A ação antrópica é responsável pelos prejuízos causados à natureza, por isso torna-se necessária a problematização e reflexão sobre o bem-estar ecológico e humano (BESERRA et al., 2010). Ainda segundo, Beserra e Alves (2012), deve haver uma ponderação sobre a saúde ambiental, visto que se trata de um problema amplo e social, necessitando de ações interdisciplinares nas discussões que tratem essa temática. Nessa perspectiva, abordar questões de saúde ambiental no âmbito escolar impõe a problematização de diversos e numerosos desafios aos estudantes, como as consequências dos desequilíbrios ecológicos para a humanidade. Para tanto, a escola se consolida como ferramenta no desenvolvimento e fortalecimento da consciência ecológica do estudante, caracterizando uma ação conjunta entre escola, educador e sociedade. O educador é o ator capaz de estimular e exercer papéis nas relações da sociedade com o meio ambiente, corroborando para que a educação em saúde ambiental esteja voltada para a formação humana emancipatória (BESERRA; ALVES, 2012; SANTOS; SOUSA, 2018). Devido às novas exigências de formação de estudantes, profissionais e cidadãos muito diferentes, é preciso que o educador se empodere de conhecimentos oriundos da presença das tecnologias da informação para que estes possam maximizados em sua prática pedagógica. A aplicação e mediação que o docente faz em sua prática pedagógica do computador e das ferramentas multimídia em sala de aula pode ser visto como um processo benéfico e favorável ao seu trabalho (SOUSA; MIOTA;CARVALHO, 2011). Assim, objetivou-se relatar a experiência de acadêmicos sobre a implementação de uma tecnologia informacional em uma oficina educativa sobre saúde ambiental em uma escola de ensino fundamental. Trata-se de um estudo descritivo e transversal, do tipo relato de experiência, realizado em setembro de 2018 em uma escola de ensino fundamental em um município do interior do Estado do Ceará. O público alvo constituiu-se de 12 crianças com idade entre 10 e 13 anos, selecionadas aleatoriamente, e matriculadas regularmente na instituição de ensino. A oficina foi dividida em duas etapas. Em um primeiro momento, as crianças e os acadêmicos se apresentaram e alguns questionamentos foram direcionados para as crianças com o intuito de basear a ação nos conhecimentos prévios que elas tinham. Após isso, as crianças assistiram um vídeo que tratava sobre reutilização de matérias e recontaram o que se passou na animação. Posteriormente, os acadêmicos abordaram temas relacionados como coleta seletiva e doenças causadas pela poluição da água, ar e solo. No segundo momento, as crianças participaram de um jogo educativo para computador, o qual foi projetado para todos os participantes. O jogo foi desenvolvido em Linguagem de Marcação de Hipertexto (HTML) por um técnico em informática colaborador da atividade. A escolha dessa ferramenta se deu por ser simples e atrativa para as crianças. O jogo era semelhante a um jogo da forca tradicional e continha palavras-chave que haviam sido dialogadas durante a etapa anterior. As crianças deveriam acertar qual era a palavra proposta, tendo como dica o número de letras. A cada letra errada, era desenhada a parte de um boneco que, após estar completo, simbolizava o fim do jogo. Ao descobrir a palavra, os participantes manifestavam ideias que haviam aprendido. Na implementação da primeira etapa da atividade, as crianças afirmavam que saúde ambiental se referia ao cuidado do planeta e as poluições seriam as enfermidades que estavam acometendo o planeta. Observou-se a participação ativa das crianças. Durante o vídeo educativo que foi apresentado para elas, elas ficaram em silêncio e bastante atentas a atividade narrativa e ao narrarem a história, os acadêmicos buscaram relacionar a saúde ambiental com os conflitos que permeavam o cotidiano do planeta e fatores preditores dos problemas ambientais. Quando foi abordado sobre o descarte adequado dos diversos tipos de lixo, as crianças desconheciam o processo de separação de materiais que podem ser reciclados e seus benefícios. As crianças não conheciam as cores das lixeiras de coleta seletivas. Diante disso, foi explicado que um determinado material deveria ser descartado em sua respectiva lixeira. Para reforçar esse conhecimento, os acadêmicos exemplificavam algum material e as crianças referiam em que cor deveria ser o descarte. Inicialmente houve dúvidas e confusão, mas após as intervenções a ideia de coleta seletiva ficou mais clara. As crianças expressavam entusiasmo e curiosidade, o que possibilitou o compartilhamento de conhecimentos e dirimição de dúvidas. De maneira semelhante, abordou-se as doenças que poderiam ser contraídas através da poluição do meio ambiente. Na segunda etapa da atividade, onde foi implantada a tecnologia, as crianças ficaram bastante curiosas e foram muito participativas. A motivação em descobrir a palavra foi observada, sobretudo, com a promoção da integração do grupo. Conforme Lopes e Melo (2014), utilizar tecnologias digitais em educação ou, antes, tornar o processo ensino e aprendizagem mais parecido com elas ao incorporar a ele tais princípios, são maneiras de promover uma ruptura com as didáticas tradicionais. Ressalta-se que essa proposta é válida não apenas para o trabalho que ocorre em sala de aula nas escolas, mas também em cursos de formação docente. Ao invés de privilegiar a transmissão de informações, a construção das aprendizagens deve se dar de forma significativa e reflexiva. No decorrer da ação, o cuidado na escolha e desenvolvimento da atividade proposta foi marcado com vista à inclusão de todos, utilizando-se uma linguagem com adequação aos falantes e às necessidades do momento. A partir desta experiência, promoveu-se um debate sobre a problematização de questões referentes à saúde ambiental, contribuindo para o processo de adesão de conhecimentos, através do uso das tecnologias da informação, e favorecendo a emancipação dos sujeitos no campo da sua saúde. A atividade realizada teve importantes significados sobre a formação dos acadêmicos, onde possibilitou o desenvolvimento de habilidades e competências importantes para a interação humana, como empatia, assertividade, comunicação e valorização do trabalho em equipe. Referências BESERRA, E. P. et al. Educação ambiental e enfermagem: uma integração necessária. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 63, n. 5, p. 848-852, 2010. Disponível em: . Acesso em: 20 Out. 2018. BESERRA, E. P.; ALVES, M. D. S. Enfermagem e saúde ambiental na escola. Acta paul. enferm. São Paulo, v. 25, n. 5, p. 666-672, 2012. Disponível em: . Acesso em: 20 Out. 2018. LOPES, P. M. A.; MELO, M. F. A Q. O uso das tecnologias digitais em educação: seguindo um; fenômeno em construção. Psicol. educ., São Paulo, n. 38, p. 49-61, 2014. Disponível em: . Acesso em: 21Out. 2018. SANTOS, S. L. F; SOUSA, R. P. Educação ambiental nas escolas rurais: contribuições das pesquisas científicas no Brasil. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient., Rio Grande, v. 35, n. 2, p. 105-124, 2018. Disponível em: . Acesso em: 20 Out. 2018. SOUSA, R. P.; MIOTA, F. M. C. S. C.;CARVALHO, A. B. G., Tecnologias digitais na educação [online]. Campina Grande: EDUEPB, 2011. Disponível em:. Acesso em: 20 Out. 2018.