O TRATO COM A DANÇA ENQUANTO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A PARTIR DE INTERVENÇÕES DO PIBID EDUCAÇÃO FÍSICA UFAL - ARAPIRACA Ac. Rafaela Farias dos Santos¹/rafaelafarias270@gmail.com/Universidade Federal de Alagoas. Ac. Davi Barbosa dos Santos²/Universidade Federal de Alagoas. Profª. Esp. Priscila Costa Souza³/Universidade Federal de Alagoas. Profª Ms. Vannina de Oliveira Assis4/Universidade Federal de Alagoas. Profª. Ms. Petra Schnneider Lima dos Santos5/Universidade Federal de Alagoas. Eixo Temático: 1. Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes. Agência Financiadora: CAPES. Resumo A dança enquanto conteúdo da Educação Física Escolar (EFE) é negligenciada, pois "na grande maioria dos casos, professores não sabem exatamente o que, como ou até mesmo porque ensinar dança na escola." (MARQUES, 2010, p. 22). Assim, objetivamos aqui relatar experiências com este conteúdo no âmbito escolar a partir das intervenções do Programa Institucional de Iniciação a Docência (PIBID), destacando-se as estratégias metodológicas e formas de avaliação desse conteúdo, identificando-se também as dificuldades e possibilidades de superação do trato com o mesmo. Sendo este trabalho fruto das intervenções realizadas nas aulas de EFE em uma escola estadual de ensino médio, localizada na cidade de Taquarana - AL, na Região Metropolitana do Agreste Alagoano. Apontamos a relevância deste trabalho pela perspectiva de contribuir para as possibilidades de superação das limitações do trato com a dança no âmbito escolar, pois a dança deve ser apresentada na escola como um conteúdo capaz de incentivar a capacidade dos alunos de refletir, criar e criticar o que lhe é oferecido, permitindo o processo de formação de novos saberes, a partir dos aspectos criativos e transformadores do indivíduo, como argumenta Pereira et all. (2001, p. 61) "[...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.". A mesma se manifesta como uma possibilidade de ampliar a capacidade do ser humano em relação as suas competências de expressividade e criação e não deve apenas estar presente na escola durante suas festividades. A Dança é tratada por Darido (2000), a partir de seus dados históricos e classificações. Marques (2010), já problematiza a dança como arte e não como movimento, terapia ou recurso educacional. Já Coletivo de Autores (1992), entendem que a dança como arte não é uma transposição da vida, senão sua representação estilizada e simbólica. Brasileiro (2010) trata a dança a partir de seu valor cultural, traduzindo que ela significa e deve (re)produzir sentidos e significados, ao ser vivenciada no interior das escolas. E Strazzacappa (2001) argumenta que a dança se traduz num corpo que expressa emoções e na escola deve se trabalhar mais a exploração e criação do próprio aluno. Esta deve ser apresentada na escola a partir da Educação Física, a qual enquanto componente curricular tem como finalidade tematizar os conteúdos da Cultura Corporal levando os alunos as vivências teórico-práticas dos mesmos. Segundo Daolio (2017), esta se apresenta na escola abrangendo fatos históricos e culturais numa área de conhecimento que estuda e atua sobre um conjunto de práticas ligadas ao corpo e ao movimento criadas pelo homem ao longo de sua história. Para realização das aulas utilizou-se a abordagem Critico Superadora (COLETIVO DE AUTORES, 1992), denominada uma perspectiva da Educação Física que trata dos temas da cultura corporal de forma contextualizada. A metodologia de pesquisa adotada se caracteriza pela abordagem qualitativa, baseada no método da práxis social (SAVIANI, 2009), a qual possui cinco momentos: prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e retorno a prática social. O processo de construção, ensaio e apresentações artísticas ocorreu num período correspondente a um bimestre, equivalente a dois meses. Nas primeiras aulas realizamos a prática social inicial e a problematização da temática dança através de questões desafiadoras que possibilitavam o diagnóstico dos conhecimentos prévios dos alunos acerca deste tema, posteriormente na instrumentalização apresentamos e discutimos o que seria o bimestre e a dança, esclarecendo possíveis dúvidas que iam surgindo. Nos momentos de catarse e retorno à prática social inicial foi sugerida, uma reconstrução dos conceitos iniciais a partir do que eles sabiam após a explicação, o que até o momento ainda se mostrava uma dificuldade, rompendo as barreiras e possibilitando a construção de novas sínteses. Após essa primeira aproximação, partimos ao estudo e a vivência acerca das características da dança, como percepção de ritmo, noção de tempo e espaço, para que os mesmos percebam que o conhecimento do tema é desafiador, mas não é impossível de ser realizado. Para aprofundamento do conhecimento, a cada semana foi vivenciado um momento teórico e/ou prático que facilitava a apropriação do conceitos e fundamentos. Leituras e apresentação de vídeos clássicos e atuais, para estes momentos utilizamos materiais básicos como retroprojetor e cordas, que são disponibilizados pela escola. Atividades com corda, realizada a partir de brincadeiras cantadas, escolhidas pelos próprios alunos, com a finalidade de conduzi-los a exploração de movimentos, noções de espaço, apropriação do controle do próprio corpo, além de levá-los à possibilidades de criação de novos gestos, com ênfase na pesquisa e apropriação das danças folclóricas, para que essa gerasse um novo conhecimento. Como síntese final do que se foi aprendido os discentes construíram coreografias compostas por sequências lógicas dos fundamentos trabalhados durante a unidade, usando criatividade e dando sentido aquilo que produziam. Todas as coreografias utilizaram referências de cada região do país, como xaxado, baião, xote, dança da fita e coco de roda, que seriam apresentadas no pátio da escola como apresentações do arraiá junino da mesma, sendo a forma como os alunos seriam avaliados. Mais importante do que a perfeição técnica em realizar os movimentos, as aulas buscaram desenvolver nos alunos a confiança em si, a criatividade e a descoberta que através da repetição e da contextualização é possível desenvolver este conhecimento, que para eles parecia impossível de ser realizado, pelas referencias do seu próprio contexto social ou de preconceito dos próprios colegas. O ensino da Dança durante as aulas, assim como as vivências/ensaios, proporcionaram aos alunos o reconhecimento e apropriação acerca do acervo de tal conteúdo, tendo em vista a reconstrução de um conhecimento que faz parte da realidade dos mesmos, bem como agregou-lhes outros efeitos positivos como socialização, percepção espaço-temporal, aproximação corporal, auto expressão, coordenação, alegria etc. Desta forma, precisamos trabalhar não só a dança, mas qualquer outro conteúdo da Cultura Corporal, respeitando a individualidade dos alunos, buscando transcender os limites de apropriação do conteúdo e de reconhecimento de seu próprio corpo, devendo ser abordada no âmbito escolar a partir de seus valores culturais que se traduzem em corpos que expressam sensações e emoções que são externalizadas através dos movimentos realizados a partir de suas capacidades imaginativas e criativas, entendida como uma criação humana, e apresentada a partir de significados culturais e experiências individuais e/ou coletivas, particularidade que deve ser levada em consideração no trabalho com a mesma. E para que isso seja consolidado é preciso que o professor realize escolhas que estejam de acordo com o contexto social e cultural dos alunos, levando-os a experimentar, sentir e pensar sobre a dança em todas as formas e ações, procurando valorizar seus objetivos educacionais. Conclui-se, que a realização do arraiá junino da escola, contando com a participação do PIBID, garantiu um retorno produtivo a toda a comunidade escolar e permitiu que se perceba a importância e relevância desse programa no interior da escola, como também, de que a Educação Física possui um conhecimento específico diversificado, e possível de ser desenvolvido nas escolas mesmo diante de limitações. No entanto o mais significativo é a percepção dos próprios alunos do quanto eles evoluíram durante a construção das próprias coreografias e na vivência em sala, quanto uma percepção do que se foi passado foi absorvido de forma sistemática pelos alunos. Palavras-chave: Pibid, Dança, Educação Física, Escola. Referências