Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

REDAÇÃO DO ENEM 2015 UMA RADIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO DE GÊNERO NO BRASIL

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Em 2015 o tema da redação do ENEM foi "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira", sendo um dos critérios para atribuição de nota a formulação de uma proposta de intervenção que respeitasse os direitos humanos. Podemos assim pensar que o desempenho na prova apresenta apontamentos sobre como está se dando a educação de gênero, mais especificamente no debate sobre violência contra mulher. No artigo intitulado "Os itens de Química do ENEM 2014: erros e dificuldades de aprendizagem" (NÚÑEZ; RAMALHO, 2017) o autor e a autora propõem estudar os erros na prova do exame utilizando como hipótese a dificuldade de aprendizado, para isso deveria ser feita uma análise do gabarito e dos distratores de cada uma das questões objetivas, relacionado com as porcentagens que cada opção foi assinalada no universo das/dos que fizeram a prova, para assim formular uma suposição sobre o que não foi aprendido da forma requerida. Como na redação não é possível realizar uma análise de gabarito e distratores, foram buscados no diagnóstico do desempenho por gênero padrões que pudessem ser averiguados sobre como está se dando a educação de gênero no Brasil. O trabalho foi realizado em um primeiro momento por meio de uma pesquisa quantitativa que relacionou as notas de homens e mulheres que fizeram a prova do ENEM em 2015 e em um segundo momento foi feita uma revisão bibliográfica sobre educação, gênero e violência, para assim ser possível teorizações sobre os dados levantados. Os resultados da pesquisa apontam para uma diferença considerável sobre a compreensão de violência contra mulher entre os gêneros, pois enquanto mais de 62% das mulheres obtiveram nota acima de 500, entre os homens esse número não chega a 56%, ou seja, a distância entre os dois grupos, nesse patamar das notas, é por volta de 6%. Isso aponta para um aprendizado desigual sobre um assunto fundamental para igualdade de gênero, sendo nossa hipótese que o ensino desse tema vem se dando por vias formais, não-formais e informais, nas quais as mulheres estão mais propensas a direcionar sua educação para repudiar essa violência e os homens para naturalizar. O principal fator que influencia nessa diferença de compreensão seria as vivências enquanto sujeitos construídos em uma sociedade patriarcal que delega status diferentes devido à generificação de determinadas posições que garantem o poder, assim os posicionamentos são parte do repertório discursivo de um determinado lócus social. Outro fator para essa diferença é que as conclusões sobre esse tema estão cada vez mais polarizadas, abrindo possibilidade para as informações sobre ele serem distintas dependendo da fonte que for a referência, nisso podemos afirmar que os homens e as mulheres que fizeram a redação do ENEM 2015 - devido suas vivências - tenderam a extrair de fontes diferentes as informações sobre esse assunto. Com essas considerações finais, acreditamos que é preciso investir mais em uma educação de gênero pautada na equidade de direitos, pois isso pode assegurar que a violência contra mulher seja vista por todas e todos como algo inaceitável. Palavras-chave: educação de gênero, ENEM, machismo, violência contra mulher. Referências: ANDIFES, Saiba tudo sobre o ENEM 2009. Disponível em: . Acessado em: 13/08/2018. BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina: a condição feminina e a violência simbólica. Saraiva, São Paulo, 2016. BRASIL. Matriz de referências ENEM. Brasília: Ministério da Educação, INEP, 2009. 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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

REDAÇÃO DO ENEM 2015 UMA RADIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO DE GÊNERO NO BRASIL José Rolfran de Souza Tavares - srolfran@hotmail.com - UFRN (autor) Raquel Basílio dos Santos - UFRN (coautora) Alane Dantas de Azevedo Lima - UFRN (coautora) Iloneide Carlos de Oliveira Ramos - UFRN (orientadora) Eixo Temático: Cidadania, Direitos Humanos e Interculturalidade Agência Financiadora: Fundação de Pesquisa do Rio Grande do Norte - FUNPEC Resumo: O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é hoje a principal forma de ingresso em instituições públicas de ensino superior, isso impulsiona anualmente milhares de egressos da educação básica a realizar essa prova. Com isso podemos refletir que os resultados da avaliação mostram importantes indicadores sobre como está o aprendizado das/dos participantes em relação a diversas competências e habilidades, desta forma abrindo possibilidades para construção de estratégias para o ensino de determinados conteúdos nas escolas. Em 2015 o tema da redação do ENEM foi "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira", sendo um dos critérios para atribuição de nota a formulação de uma proposta de intervenção que respeitasse os direitos humanos. Podemos assim pensar que o desempenho na prova apresenta apontamentos sobre como está se dando a educação de gênero, mais especificamente no debate sobre violência contra mulher. No artigo intitulado "Os itens de Química do ENEM 2014: erros e dificuldades de aprendizagem" (NÚÑEZ; RAMALHO, 2017) o autor e a autora propõem estudar os erros na prova do exame utilizando como hipótese a dificuldade de aprendizado, para isso deveria ser feita uma análise do gabarito e dos distratores de cada uma das questões objetivas, relacionado com as porcentagens que cada opção foi assinalada no universo das/dos que fizeram a prova, para assim formular uma suposição sobre o que não foi aprendido da forma requerida. Como na redação não é possível realizar uma análise de gabarito e distratores, foram buscados no diagnóstico do desempenho por gênero padrões que pudessem ser averiguados sobre como está se dando a educação de gênero no Brasil. O trabalho foi realizado em um primeiro momento por meio de uma pesquisa quantitativa que relacionou as notas de homens e mulheres que fizeram a prova do ENEM em 2015 e em um segundo momento foi feita uma revisão bibliográfica sobre educação, gênero e violência, para assim ser possível teorizações sobre os dados levantados. Os resultados da pesquisa apontam para uma diferença considerável sobre a compreensão de violência contra mulher entre os gêneros, pois enquanto mais de 62% das mulheres obtiveram nota acima de 500, entre os homens esse número não chega a 56%, ou seja, a distância entre os dois grupos, nesse patamar das notas, é por volta de 6%. 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Outro fator para essa diferença é que as conclusões sobre esse tema estão cada vez mais polarizadas, abrindo possibilidade para as informações sobre ele serem distintas dependendo da fonte que for a referência, nisso podemos afirmar que os homens e as mulheres que fizeram a redação do ENEM 2015 - devido suas vivências - tenderam a extrair de fontes diferentes as informações sobre esse assunto. Com essas considerações finais, acreditamos que é preciso investir mais em uma educação de gênero pautada na equidade de direitos, pois isso pode assegurar que a violência contra mulher seja vista por todas e todos como algo inaceitável. Palavras-chave: educação de gênero, ENEM, machismo, violência contra mulher. Referências: ANDIFES, Saiba tudo sobre o ENEM 2009. Disponível em: . Acessado em: 13/08/2018. BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina: a condição feminina e a violência simbólica. Saraiva, São Paulo, 2016. BRASIL. Matriz de referências ENEM. Brasília: Ministério da Educação, INEP, 2009. 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