O ato educativo durante a pandemia de Covid-19 foi bastante desafiador, sobretudo para as crianças em vias de alfabetização. Nesse sentido, o objetivo deste estudo consiste em refletir sobre a alfabetização ao decorrer dessa pandemia, tomando como referência os relatos de cinco crianças sobre as vivências de quando estudaram de forma remota, em 2020, no 1º ano do ensino fundamental. Tais crianças, atualmente com oito e nove anos de idade, integram uma turma do 3º ano do ensino fundamental de uma escola rural localizada no extremo-oeste de Santa Catarina. De caráter qualitativo, o estudo foi realizado no início do ano letivo de 2022, sendo que, para a coleta das informações, lançou-se mão de questionário e de produção textual. As análises feitas e as reflexões tecidas, além dos relatos das crianças, valem-se de estudos desenvolvidos por: Bizzotto, Aroeira e Porto (2010); Gatti (2020); Goulart (2020); Soares (2020) e outros. Também se recorre aos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001), à Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) e à Política Nacional de Alfabetização (BRASIL, 2019). Os relatos indicaram que as crianças faziam uso do celular e do WhatsApp para interação nas aulas e as atividades chegavam até elas por meio de vídeos e fotos. Segundo as crianças, com as aulas em casa, foi possível aprender a ler apenas um pouco, pelo fato de não ter havido muitas atividades de leitura. Por seu turno, elas apontaram que só aprenderam a escrever em virtude da ajuda dada pelas mães. Além disso, a grande maioria indicou que não gostou das aulas remotas, justificando, por exemplo, que nas aulas presenciais se aprende mais. Frente aos relatos expostos, conclui-se que foram muitos os desafios enfrentados pelas crianças no início de sua jornada de alfabetização, o que pode, de alguma forma, ter impactado na aprendizagem da leitura e escrita.