Este trabalho versa sobre o tratamento dado às questões da sexualidade numa Escola Estadual da cidade do Recife, no qual tentamos compreender como os sentidos atribuídos à sexualidade são construídos e disseminados nesse contexto. Contribuíram para o estudo professores, mães e alunos do Ensino Médio desta mesma escola. A sexualidade é tomada aqui como algo que transcende o corpo, sendo o seu estudo norteado pela perspectiva pós-estruturalista e, sobretudo, pela produção de Michel Foucault. É uma pesquisa de natureza qualitativa que toma o método analítico interpretativo de Foucault, em que este é compreendido como uma maneira de indagação. Foram utilizados dois instrumentos: a observação participante e a realização de entrevista de grupo focal. Na referida escola, a abordagem ao assunto sexualidade é regulada, sendo suas temáticas tratadas por um viés prioritariamente biológico. Os sentidos construídos pela maioria dos participantes e disseminados no contexto escolar sobre a sexualidade elegem como parâmetro de normatividade o que se constitui cultural e socialmente a partir da distinção binária dos gêneros feminino e masculino, ratificando a superioridade de homens sobre mulheres em diversas perspectivas vinculadas à sexualidade, não parecendo haver resistência significativa a este tipo de modelo. A naturalização destes sentidos interferem na maneira pela qual os participantes constroem e desenvolvem suas subjetividades, uma vez que os mesmos parecem se constituir de acordo com a heteronormatividade. Sexo e gênero são vistos de modo linear e cada um deles decorre de um sexo biológico natural que determinará a quem vai se dirigir o desejo deste sujeito