Os corpos que menstruam são, constantemente, alvo de regulamentações e interdições que os direcionam a manter a menstruação em segredo e a autovigiarem seus comportamentos a fim de escondê-la. Assim, segundo estudos recentes realizados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), é recorrente faltarem a escola por motivos relacionados a menstruação. A vista disso, o presente estudo buscou investigar a articulação da escola na construção das práticas discursivas (ou não) que constituem o significado menstruação. Nos pautando nas perspectivas feministas e dos Estudos Culturais, assumimos uma abordagem qualitativa que envolveu 69 participantes (61 mulheres e 8 homens) na faixa etária de 18 a 64 anos que responderam a um questionário eletrônico divulgado nas redes sociais, e o processo analítico partiu de teorizações foucaultianas sobre a análise do discurso. Diante das múltiplas experiencias relatadas, concluímos que na escola circulam discursos que interditam e controlam os corpos que menstruam, mas que ela também pode se constituir enquanto um ponto de resistência diante dessas relações de poder, posto que as participantes apresentaram relatos sobre a falta de informações sobre o ciclo menstrual e censura, tanto por parte da escola quanto da família, o que ocasionou desespero, dúvidas e solidão para muitas meninas, mas, mesmo diante da ausência de diálogos sobre o tema por parte do corpo docente, a escola ainda pôde ser um espaço de acolhimento e resistência às interdições ao possibilitar o encontro de pessoas da mesma faixa etária e com experiencias menstruais parecidas.