O objetivo deste trabalho é discutir de que maneira os dos livros didáticos de Literatura Brasileira abordam o tema “regionalismo”. Algumas hipóteses foram então levantadas, tais como: os livros didáticos usam como sinônimos os termos literatura regional e literatura rural; os livros didáticos posicionam o “regionalismo” no romantismo por causa de uma definição de Antonio Candido. Este trabalho se escora em textos fundamentais da crítica literária brasileira e de história da literatura. O mais importante desses livros é Modernismo e Regionalismo (os anos 20 em Pernambuco) (AZEVEDO, 1984), que revela a contenda intelectual que se travou no Recife nos anos 1920 contra o modernismo de Joaquim Inojosa. Outro livro importante é Região e Tradição (FREYRE, 1968), escrito por Gilberto Freyre em 1941 e reeditado em 1968. Nas duas edições, é de grande contribuição o prefácio de José Lins do Rego (REGO, 1968). A partir dos teóricos citados, foram analisados cinco livros didáticos de ensino médio publicados em 1995, 1996, 2010, 2011 e 2016. Neles foi possível detectar, por exemplo, a mudança de entendimento a respeito do “regionalismo” ao longo do tempo, desde os livros que ensinam que a literatura brasileira de 1930 é regionalista, tendo como obra inaugural A Bagaceira – era assim que se ensinava nos anos 1990 –, até a mudança, já nos anos 2010, nos quais se informa o “regionalismo” ter sido iniciado no século XIX, no período romântico, como literatura rural.