Em 1976, Freud faz ressalvas acerca da aplicabilidade da teoria psicanalítica, afirmando que esta não pode ser direcionada nem a jovens débeis nem a idosos, já que o excesso de material psíquico a ser trabalhado nessas pessoas levaria muito tempo. Décadas depois, com o aumento da expectativa de vida, os idosos têm se tornado público frequente nos consultórios de psicanálise, confrontados com suas questões subjetivas, reflexo de sua relação com o mundo, com o outro e com o papel que ele representa nas relações. A clínica psicanalítica é uma prática que pode modificar seus direcionamentos a depender do contexto de espaço e tempo em que o sujeito inserido. Desse modo, faz-se necessário destacar que, ao longo dos anos, houve uma grande mudança na forma como o idoso é visto socialmente, devido ao imperativo do novo e do belo à qual estamos submetidos. Diante dessa realidade, o sujeito velho acaba sendo designado como aquele que é descartável e inútil, às margens da sociedade, fator que intensifica ainda mais o estranhamento com o corpo que envelhece e com a representatividade que se instala. Há inúmeros trabalhos e livros publicados em torno da psicologia com idosos, na vertente psicanalítica, falando sobre os desafios e possibilidades dessa prática. Este trabalho pretende reunir algumas destas obras e problematizar a clínica com o idoso diante do atual império das imagens.