MEIRA, Ariadne Messalina Batista. O registro da hipocondria na velhice. Anais IV CIEH... Campina Grande: Realize Editora, 2015. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/12581>. Acesso em: 30/12/2024 14:38
O envelhecimento, na era pós industrial, tem sido associado a signos negativos de decrepitude, inutilidade e morte, que delegam ao sujeito idoso um não-lugar de reconhecimento e valor social. Ao lado disso, há uma cultura com padrões de saúde exaltadores da longevidade e da beleza, que tendem a reduzir ao corpo biológico todos os problemas e propõe como solução para lidar com o mal estar a medicalização e a patologização. Solução esta um tanto quanto insuficiente, uma vez que não responsabiliza o sujeito para lidar com o mal estar, nem tampouco valoriza o saber fazer do sujeito diante do real. Dentre essas soluções para lidar com o mal estar, encontramos a hipocondria, demasiadamente frequente em idosos, enquanto modo singular de o sujeito lidar com o real do envelhecimento, que aparece como resposta a ferida narcísica provocada por esse lugar em que o velho está posto na cultura ocidental contemporânea. Percebemos que a hipocondria é uma defesa primitiva do sujeito para se manter desejante e uma tentativa de nomeação, de um significante que represente o mal estar. No presente trabalho realizamos uma leitura psicanalítica da hipocondria na velhice, por meio de revisão sistemática, buscando implicar a todos na necessidade de construir um lugar de investimento para a velhice, bem como na necessidade de escutar o sujeito idoso para além da queixa localizada no corpo real, biológico, mas ouvindo suas demandas com uma escuta atenta, que possa acolher e responsabilizar o sujeito.