Resumo: A adolescência é atravessada por períodos de mal-estar como depressão, sentimentos de perda, de angústia, de abandono, desenvolvimento de identidade, exatamente por se caracterizar um período de constantes transformações. Este contexto individual somado, principalmente a questões de vulnerabilidade social, fomenta, no adolescente, condutas de risco, como transgressões e uso de drogas. O presente artigo relata uma experiência de estágio básico, em psicologia jurídica, realizado na CASEM-Casa de Semiliberdade, do interior de Pernambuco, que atende adolescentes do sexo masculino que são autores de atos infracionais, na idade de 12 a 21 anos. Durante o estágio foi elaborado um plano de atividades, tendo como objetivo geral, a promoção do protagonismo dos adolescentes, através de ações de enfrentamento à drogadição, com foco na saúde biopsicossocial e na participação das famílias. Os objetivos específicos visavam discutir com os adolescentes os fatores de riscos provenientes do uso e do envolvimento com as drogas; incentivar o envolvimento do adolescente no seu projeto de vida, por meio de discussões sobre a valorização pessoal e a autonomia. Foi perceptível no discurso dos participantes a associação das substâncias químicas com as práticas delituosas, tendo em vista que, a maioria dos assaltos, homicídios e atos violentos era cometida sob o efeito ou motivada pela aquisição da droga. De acordo com os relatos, a relação dos adolescentes com as drogas tentava ocultar uma infância e adolescência de violência, de abuso, de situações de extrema vulnerabilidade social; ou seja, um processo de vitimização vivenciado em ciclos diferentes de vida.