GRUTZMACHER, Marcos. Disciplina de libras e a aquisição de linguagem. Anais III CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/20699>. Acesso em: 27/12/2024 18:40
Temos a obrigatoriedade da disciplina de Libras nos cursos de licenciatura a partir da lei 10436/2002. No Brasil esta disciplina tem sido ministrada geralmente mesclando aspectos práticos à história, cultura e aspectos clínicos e filosóficos da surdez, entretanto para atuar no ensino de pessoas surdas há outros conhecimentos que o professor deverá ter, dentre eles o conhecimento das etapas de aquisição da linguagem, uma vez que grande parte das dificuldades pedagógicas apresentadas por surdos devem-se à questões de linguagem e sua aquisição tardia. Objetivamos problematizar a inclusão do conteúdo de aquisição de linguagem como parte da disciplina de Libras nas licenciaturas. Para a realização deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico a respeito da importância da aquisição da linguagem na criança e as possíveis implicações, desta temática, em sua vida escolar. Esta revisão teve como escopo analisar como a apreensão deste conhecimento pode ser relevante para os docentes em formação durante ensino da disciplina de Libras no ensino superior. As licenciaturas têm o objetivo principal à formação de professores para atuarem até o ensino médio, período importante para a formação do aluno. Em estudo realizado por Giroto; Martins; Lima (2016), nenhuma ementa de disciplina de Libras aborda o tema da aquisição da linguagem. Geralmente elas dividem-se em temas como cultura e identidade surda, história da surdez e atividades práticas de sinalização. Este é um perfil mais geral da situação da Libras como disciplina no ensino superior. Mesmo os cursos de licenciatura formando professores e abordando questões didáticas e questões pedagógicas de uma forma geral, é na disciplina de Libras que parte desse conhecimento será aplicado para a realidade da surdez, que também possui suas especificidades, das quais as vezes o professor em formação só verá nessa disciplina. Com, surdos apenas 5% dos surdos nascem em ambientes lingüísticos em que a língua de sinais é a língua hegemônica (QUADROS, 1997). Portanto, os outros 95%, salvo raras exceções, adquirirão essa língua na escola. Conhecendo sobre desenvolvimento lingüístico infantil o professor terá noção sobre em qual estágio do desenvolvimento da linguagem encontra-se seu aluno e desta forma adequar o nível lingüístico de sua aula, bem como selecionar estratégias adequadas para auxiliá-lo. Este conhecimento vai muni-lo também para que se posicione criticamente sobre temas como a escola bilíngüe e sua atuação profissional nas séries iniciais. Concluímos que é necessário que o docente conheça sobre a aquisição da linguagem infantil, e neste caso as etapas de aquisição da Libras, já que por ela perpassa o bom desenvolvimento acadêmico do aluno surdo, além de, também fazê-lo refletir suas práticas no ambiente educacional. Em um contexto em que estão envolvidas relações políticas e de poder, tal qual é o ambiente escolar, parece que o conhecimento estritamente linguístico é insuficiente para o profissional que atua em sala de aula, sendo necessário, entre tantas outras coisas, habilidades e conhecimentos além dos linguísticos e por isso acreditamos na importância de abordar o tema de aquisição de linguagem/ língua de sinais durante o ensino da Libras nos cursos de licenciaturas.