, Cirolinharesdeazevêdo et al.. . Anais I CONIDIS... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/23353>. Acesso em: 24/11/2024 20:30
Esse artigo utiliza da história oral para compreender as várias temporalidades que atravessaram as narrativas produzidas por Maria de Calú, proprietária do pioneiro “bar gay” de Campina Grande(PB), sobre suas experiências com os marcadores de identidades de gênero no cotidiano familiar. Assim, na trama de significados produzidos sobre si nas narrativas de memórias de Maria de Calú irei tecer os fios de várias temporalidades, experiências e saberes normatizadores que constituíram sua relação com a família e o cotidiano dentro de práticas sociais de controle dos corpos e pedagogias binárias de identidades de gênero. Realizo nas próximas linhas breves reflexões sobre o papel da família para reafirmar “papéis identitários”, por suas historicidades, escorregadios, pretensamente inoculados em corpos e mentes também históricos, posicionais e estratégicos, sendo a família peça fundamental na produção do habitus. Analiso a relação das experiências cotidianas na família atravessadas pelos discursos produtores de sujeitos desde a construção do projeto da modernidade ocidental. Evidencio as práticas de "evitação" aos membros da família que fogem as identidades objetivadas no cotidiano da casa, geradoras de experiências de violências nas relações entre os membros da casa. Em seguida, analiso as experiências e saberes nas narrativas produzidas por Maria de Calú, foi a partir do projeto de vida desejado para ela pelo pai e a família que surgiu a oportunidade de subverter o poder a partir dele mesmo, produzindo astúcias para subversão nas noções binárias de gênero. Para tecer olhares acerca destas interações, usamos os diálogos teóricos fornecidos principalmente por Judith Butler, Michel de Foucault, Michel de Certeau e Erving Goffman.