O envelhecer é um processo natural, ao qual, o ser humano está sujeito desde o dia em que nasce, por outro lado, os discursos que versam sobre este decurso não o são, porque, foram construídos sócio-historicamente. Em vista disso, a sociedade ocidental, movida pela ideologia judaico-cristã, impõe ao homem que envelhece um lugar, por vezes, circunscrito pelo abandono, pela dor da solidão e da enfermidade, de modo que os idosos não sentem mais vontade de desfrutar dos anos que lhes restam de vida. Neste sentido, o filme Gerontophilia, produzido e dirigido por Bruce LaBruce, em 2013, distancia-se dos valores vigentes na contemporaneidade acerca da terceira idade, quando traz, para o papel central, um personagem que se insurge contra os protocolos estabelecidos na pequena clínica de repouso, onde reside. Na narrativa, em foco, o senhor Peabody, homem de pouco mais de 80 anos, se envolve com o enfermeiro Lake, cuja atração sexual é direcionada às pessoas mais velhas, marcadas pela ação do tempo. Esta relação, bem como outras atitudes do idoso, abre questionamentos sobre o que, de fato, significa a velhice e se, neste caso, o desejo continua vivo, apesar dos anos. Por isso, nossa pesquisa, numa conexão entre a psicanálise de base (pós)freudiana e a cinematografia, com as contribuições MARTIN (2013), pretende analisar a figura deste personagem que não se conforma com os discursos que recaem sobre sua condição.