O estudo sobre o envelhecimento vem adquirindo cada vez mais notoriedade. Com os avanços científicos, conseguimos, com maior acuidade, investigar e avaliar o desenvolvimento humano, penetrando no mundo do idoso. As artes conseguem promover novas análises e reflexões sobre o ser humano. Não obstante, também nos fazem refletir sobre o envelhecimento e seus efeitos, dando novos olhares, novos conceitos, quebrando paradigmas. As artes visuais, mas especificamente, as obras fílmicas conduzem à reflexão e à reelaboração de pensamentos e, porque não, de ideias de vida. Permite-nos, ainda, enveredar por uma interface entre a arte erigida pela dimensão humana (ideias e subjetividades envolvidas para elaboração da obra) junto com as ciências, das mais diversas. Neste estudo, trataremos de observar e analisar a velhice que se redesenha na obra fílmica Amour (2012), dirigida por Michael Haneke, deixando-se guiar pelos constructos teóricos da psicanálise, ciência que permite compreender a subjetividade humana, através do discurso e da palavra. Entender a velhice não é um processo fácil nem para o sujeito que envelhece nem para quem acompanha o envelhecimento alheio. Envelhecer é se colocar diante de diversos paradigmas, como em relação à atividade laboral, ao contexto familiar, desejo sexual, ao matrimônio, e a diversos sentimentos, como o amor. Nessa película, que mostra a velhice de forma dura, racional, e humana, acompanhamos a historia de Georges e seu esposa Anne, casados há sessenta anos, mas a partir do adoecimento de Anne coloca a relação em dimensões antes não refletidas pelo casal quando jovem. Prova de amor, que coloca o amor das gerações atuais em prova. Como embasamento teórico, utilizaremos o viés psicanalítico, como também, perpassaremos pelos caminhos da psicologia social e da psicologia do desenvolvimento.