O CIRCUITO DA SOLIDÃO: PERDER-SE DE(EM) SI OU PERDER O OUTRO?
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Essa identificação pode revelar, por vezes, o abandono e a solitude do sujeito, que, à revelia da consciência, projeta no outro-amado partes boas de si mesmo, quiçá movido pela ilusão de resguardar/preservar os restos de bondade que o habitam. Nosso objetivo, aqui, é investigar como a tessitura literária alberga esse afeto, de natureza tão ambígua, capaz de engendrar laços harmoniosos e, ao mesmo tempo, de propriedades tão funestas. Os limites entre doação e aniquilamento são nebulosos, quase imperceptíveis, para aqueles fragilizados pela ausência, pela culpa tácita e avassaladora, pelo desejo de apodrecimento e desgraça. Para tanto, penetraremos no mundo poético de Oscar Wilde, especificamente no conto O rouxinol e a rosa, de onde emergem imagens e discursos forjados ao labor do negrume da vida, da experiência dolorosa das perdas e do gozo lúgubre da esperança. No texto em foco, a ordem cede lugar ao caos, e o humano se despoja de suas máscaras mais tétricas e obscuras. 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