A cicatrização de feridas consiste em uma perfeita e coordenada cascata de eventos que atinge seu ápice na reconstituição tecidual. O processo cicatricial é comum a todas as feridas, independe do agente que a causou, sendo dividido didaticamente em três fases: inflamatória, proliferação e granulação (BROUGHTON et al., 2006). Uma das alterações na homeostase da fase de granulação é o tecido de hipergranulação que apresenta um excesso de tecido de granulação, formado para além do nível do leito da ferida, gerando pressão no tecido perilesional, impedindo a migração das células epiteliais homeostáticas, dessa forma impedindo a cicatrização (VUOLO, 2010) O tecido de hipergranulação é considerado atualmente um problema no tratamento de feridas, e este fenômeno pode surgir em todo o tipo de feridas, sendo mais prevalente em cicatrizações por segunda intenção (BOYLE, 2007; STEPHEN-HAYNES; HAMPTON, 2010). O nitrato de prata é apontado como eficaz no tratamento de feridas complexas que apresentam a hipergranulação, caracteriza-se por um produto cáustico e um forte agente oxidante, quando ativado oxida a matéria orgânica e destrói as bactérias (BORKOWSKI, 2005). Objetivo: Relatar a experiência com uso de espuma de poliuretano com prata (Ag) para o tratamento da hipergranulação em feridas. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo de natureza qualitativa na modalidade de relato de experiência. O estudo foi desenvolvido a partir da vivência como estagiário da Cicatriza®, clínica de enfermagem especializada em curativos. Os dados foram coletados no mês de março de 2017 por meio de revisão dos prontuários do(a) paciente e do arquivo fotográfico próprio que apresenta a evolução da lesão a cada curativo. As informações de cunho técnico foram obtidas por meio de revisão da literatura sobre o tema proposto. Resultados e Discussão: Foi observado no decorrer do tratamento, a regressão do tecido hipergranulado e a denotação das bordas da ferida no período do tratamento aponta para a eficácia da espuma no tratamento dessa alteração em feridas. Sendo assim, reconhecemos a importância do incremento de estudos sobre a abordagem da espuma de poliuretano com prata (Ag) no tecido de hipergranulação sobre o leito de feridas. Conclusão: A hipergranulação é um fenômeno relevante nas feridas, contudo, a abordagem terapêutica deste fenômeno ainda é contraditória. Denota-se na literatura científica falta de consentaneidade entre os diferentes autores relativamente aos conceitos, aos processos fisiopatológicos e às diferentes abordagens.