A família pode ser compreendida enquanto sistema dinâmico de relações, que inclui pessoas ligadas por parentesco ou afeto e que pode se modificar em sua estrutura de acordo com o contexto histórico e cultural de uma sociedade. Esta se apresenta como principal responsável por proporcionar cuidados físicos e afetivos dos seus membros, além de conduzir o processo de socialização das crianças. No entanto, diante de situações de risco e vulnerabilidade social, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que crianças e adolescentes sejam temporariamente afastados do convívio familiar e encaminhados aos serviços de acolhimento institucional como forma de garantir sua integridade física e psicológica. Dessa forma, o presente estudo busca conhecer e analisar as representações sociais da família compartilhadas por crianças em situação de acolhimento institucional, a fim de compreender como o a institucionalização influencia na representação dessas sobre a família. Utilizou-se como referencial teórico de análise a Teoria das Representações Sociais a qual procura entender como os indivíduos elaboram e partilham conhecimentos socialmente construídos, no intuito de tornar algo não familiar em familiar, e como esses conhecimentos são capazes de interferir em seus comportamentos e condutas. Participaram desse estudo 05 crianças, de ambos os sexos, com idades entre 07 e 10 anos. Utilizou-se para coleta dos dados um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada. Os dados sociodemográficos foram analisados através de estatística descritiva e a entrevista semiestruturada através da análise de conteúdo proposta por Bardin. Na análise da entrevista pode-se observar que as crianças ancoraram a representação da família em concepções do senso comum, sendo essa representada principalmente por afetos positivos e relações de parentesco, apoiado no modelo nuclear de família. Percebeu-se que as crianças representaram a família de forma positiva, idealizada e afetiva, embora em sua maioria tenham vivenciado situações de violência intrafamiliar, negligência e vulnerabilidade, as representações seguem o principal modelo encontrado na sociedade. Acredita-se que os resultados encontrados trouxeram contribuições para no campo das Representações Sociais e do acolhimento institucional infantil, como também, espera-se que esses sirvam para elaboração de intervenções práticas em relação ao atendimento de crianças em situação de acolhimento.