NETO, José Cândido Rodrigues et al.. O professor mediador e a educação a conta gotas. Anais COPRECIS... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/31319>. Acesso em: 25/11/2024 00:24
Com a adoção de práticas de ensino fundamentadas na teoria construtivista, tornou-se comum a afirmação de que o professor é um mediador, responsável por viabilizar a relação entre aluno e conhecimento. Segundo o construtivismo, os indivíduos adquirem conhecimento a partir de sua ação ativa sobre o meio, tendo como referência sua percepção de realidade. Dentro deste processo, a ação do professor é reduzida, ele já não é mais o responsável por transmitir saberes ao educando, sua posição agora é apenas a de animador do processo, ou seja, o professor é um mediador. Desse modo, se faz necessário avaliar qual o papel desse professor que se diz mediador. Será ele um mediador ou será um agente controlador, que regula a quantidade de conhecimento que o educando recebe? Levando em consideração que nossa sociedade vive sob um embate de duas forças, de um lado, a classe dominante, do outro lado, a classe trabalhadora, esse embate se reflete na educação, onde há dois tipos de escola, aquela que forma mão de obra para o sistema capitalista, e aquela que forma uma elite detentora de capital e de conhecimentos intelectuais. Sendo assim, este artigo investigará qual o papel que a mediação desempenha dentro deste dualismo educacional. Será ela uma forma de perpetuar esta situação? Tendo em vista que dialeticamente mediar não significa harmonizar, será que cabe ao professor se colocar entre aluno-conhecimento? Ao se colocar no meio destes dois elementos o professor não estaria sendo uma barreira entre eles? Se assim for, pode-se dizer que o professor não é um mediador, mas um controlador, aquele que conta as poucas gotas de uma instrução que é oferecida em doses homeopáticas para a classe trabalhadora, garantindo que esta maximize sua produção dentro do sistema vigente. Desta forma, a investigação que nos propomos com este trabalho, é importante para entendermos o, já referido, dualismo da educação e compreendermos por quais formas ele se perpetua e quais são seus agentes. Para tanto, exporemos primeiro os dois tipos de escola que constituem esse dualismo. Em seguida, analisaremos as práticas de ensino que contribuem para a manutenção dessa situação, dentre elas estão as práticas orientadas pelo construtivismo, que desembocam no conceito de professor mediador. Por fim, inquiriremos se esta dita mediação corresponde em equívoco e como este se deu. Esperamos com o fim deste trabalho, ter propiciado uma reflexão sobre os temas aqui apresentados, pois estes podem nos proporcionar um olhar dotado de criticidade, que nos será útil para entender e modificar este estado de desigualdades e de luta de classes. Pois se a educação reflete esta situação, então ela também será um instrumento de transformação.