O sertão é, na literatura brasileira, uma espécie de espaço mítico que tenta representar, por meio da ficção, nossa nacionalidade. Os Sertões de Euclides da Cunha é, nesse sentido, uma obra crucial para a compreensão dessa realidade, homem e natureza. Singular na História brasileira, a Guerra de Canudos desvelou um brasileiro e um país em crise na construção de sua cultura e identidade. A Guerra do fim do mundo, do peruano Mario Vargas Llosa, revisita Canudos e, além da recriação ficcional que realiza, aponta para uma discussão crucial da literatura Latino-Americana: seu estado fronteiriço, em trânsito permanente, seja com o velho mundo colonizador, seja com a própria cultura americana em construção e em processo de emancipação. Este trabalho pretende discutir, a partir das obras, a linha tênue que marca a construção das nacionalidades (e espacialidades) latino-americanas, e que as tornam, de acordo com Ottmar Ette, uma “literatura em movimento”. O diálogo entre as obras problematiza as relações multi ou inter-culturais que permeiam a construção da identidade latino-americana que, nesse caso, ao reconhecer o outro, pode reconhecer-se a si mesmo.