A obra do escritor Ricardo Dicke apresenta ambientação de temas e personagens em Mato Grosso. O que à primeira vista pode parecer a contemplação do exótico até mesmo como Estado produtor de cultura, deixa de ser, pelas mãos do romancista simples expressão local para atingir a dimensão universal, seja nas abordagens de situações ou mesmo conflitos sociais, humanos, sobretudo. Nosso trabalho consiste na observação crítica de como o sertão aparece nas obras Madona dos Páramos e “Toada do esquecido”. A tensão presente no modo como personagens em fuga da cidade para o sertão, denota o feitio de uma literatura que não se esgota num paisagismo ingênuo ou de denúncia das mazelas sociais. Nossa abordagem pretende investigar questões que ultrapassem não só a identificação da cor local, mas o questionamento levantado com personagens “globalizados” em que pese a consciência crítica de um tempo marcado pela pressa e objetivação das relações.