Este artigo tem por objetivo analisar as vivências e percepções da escritora Carolina Maria de Jesus, retratadas em seu livro autobiográfico Diário de Bitita. A escritora alcançou o sucesso literário em meados da década de 1960 com a publicação de Quarto de Despejo: diário de uma favelada, no entanto, publicou outras obras de grande relevância, as quais suscitam discussões acerca de problemas sociais como o preconceito e o racismo, dentre elas destacamos Diário de Bitita, objeto de análise deste artigo, o qual narra as memórias da infância de Carolina. Nesse sentido, o foco do trabalho é discutir acerca da representação da infância negra a partir da narrativa da menina “Bitita”,apelido de Carolina na infância. Tendo em vista que a infância é uma construção social, buscamos problematizar como a personagem se vê e como é vista pela sociedade, bem como quais os preconceitos vivenciados pela menina, desconstruindo, assim, a visão idealizada e romântica da infância como sendo o melhor momento da existência. Para tanto, utilizamos como aporte teórico os estudos de Cândido (2006), o qual trata da sociologia da literatura, Deleuze (2002), que aborda as questões concernentes à representação e Klinger(2007), que em sua teoria trata da escrita de si.