Como se sabe, o processo de formação do leitor geralmente ocorre nos primeiros anos da vida, sendo fundamentado, principalmente, em textos de cunho didático. A utilização de diversos modelos e formatos para a construção do livro voltado para a criança, assim como suas traduções, remete à variação da acessibilidade e a diferentes propostas mercadológicas. Hutcheon (2001, p. 162) defende que “em contraste direto com o apelo elitista ou enriquecedor da adaptação está o prazer da acessibilidade, que direciona não apenas a comercialização das adaptações, mas também seu papel na educação”. É nesse aspecto que surge as adaptações para o público infantil. Através do grande número de adaptações literárias produzidas para o público infanto-juvenil nos últimos anos, as diferentes propostas e efeitos são perceptíveis. O que adaptar, como adaptar e por que adaptar são questionamentos ainda mais frequentes e que demonstram que além da necessidade educativa do livro infantojuvenil, existem outras intenções por trás de cada publicação e de seus diferentes suportes. Contudo, uma vez que as intenções nem sempre podem ser avaliadas, é possível então perguntar que efeitos os recursos utilizados nessas adaptações através de processos intersemióticos podem causar para a construção de sentido do jovem leitor, nesse período da vida em que a própria noção de sentido ainda está sendo desenvolvida. Ou seja, como os diferentes suportes do livro infantojuvenil e seus diferentes recursos se integram de modo a construir significado. Com base nessa discussão, a proposta inicial desta pesquisa foi analisar, alicerçando-se na Teoria Multimodal do Discurso de Kress e Van Leeuwen (2006), que trata da multiplicidade de modos ou funções que um texto apresenta, uma cena pertinente à duas adaptações de O Mágico de Óz, de L. Frank Baum. A primeira adaptação é em formato de quadrinhos criada por Maurício de Sousa, A Turma da Mônica em O Mágico de Óz, com características domesticadoras de tradução; e a segunda, um livro em formato pop-up, O Mágico de Óz, de Robert Sabuda. A intenção foi fazer um comparativo de uma cena fixa nas duas adaptações, em relação ao texto fonte de Baum, sobre a “Chegada do Furacão” e como os recursos multimodais utilizados nas obras interagem de forma a construir sentido. O comparativo se deu através de gráficos e imagens que identificaram as principais semelhanças e diferenças presentes na cena, e que efeitos essas características podem proporcionar.