Ana Maria Machado vem, há mais de 40 anos, se dedicando à produção de obras literárias destinadas a leitores de todas as idades, desde o público mais infantil, passando por obras para adolescentes, jovens e adultos. A escritora também produziu obras reflexivas, voltadas para a formação de leitores. Dentre sua vasta gama de temas e procedimentos, percebe-se um forte interesse da escritora carioca em fatos históricos como propulsores de sua matéria narrativa, a exemplo de “Do outro mundo”, “O canto da praça”, “O mar nunca transborda”, “Mistérios do mar oceano”, “Tropical sol da liberdade” entre outros títulos. Neste trabalho, faremos uma leitura da narrativa “Enquanto o dia não chega” (2013), com o objetivo de discutir as estratégias de que se valem o narrador e os personagens para apresentarem fatos relacionados ao processo de colonização do Brasil e escravização de negros africanos. Ao que se percebe, as falas dos personagens e do narrador concorrem para que haja a construção de uma memória coletiva no que se refere a esses assuntos. Para fundamentar o trabalho, recorreremos às discussões de Vieira (2004), Baccega (2007), Aguiar (2003), Bonnici (2009) e Halbwachs (2006).