O conto “Nós matamos o cão tinhoso”, do livro com mesmo título, produzido em 1964 pelo escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana, foi produzido no período em que esteve preso por participar da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e ansiava pela libertação de seu povo do domínio de Portugal. O livro nasceu com o objetivo de explicitar o racismo do poder colonial português, chegando a exercer, na época de sua publicação, uma influência importante na geração pós-colonial de escritores e não apenas moçambicanos. Uma prova clara de que os textos ali apresentados são atemporais é que Ndalu de Almeida, escritor angolano, popularmente conhecido como Ondjaki, pôde, após mais de 40 anos, interagir com o conto de Honwana, produzindo a obra “Nós choramos pelo cão tinhoso”, narrativa escrita, semelhante ao conto moçambicano, ou seja, sob o olhar de um menino. Para explicitar essa intertextualidade elencamos como objetivo geral: Refletir sobre como os textos de Honwana e Ondjaki comungam de aspectos estruturais, linguísticos e históricos e como objetivos específicos: descrever como se dão as semelhanças entre os contos e verificar como tais aspectos ultrapassam os limites do texto. A partir da leitura dos contos podemos concluir que as narrativas se imbricam de tal forma que se completam num misto de sentimentos que atingem o narrador-menino: uma mistura de terror, medo e tristeza.