A alimentação tem vários papéis na vida do ser humano: estrutural, energético, funcional, psicológico e até religioso. No entanto, quando a comida passa a ser evitada ou consumida em excesso, vários problemas podem ser acarretados. Os casos de transtornos alimentares vêm aumentando no último século e consequentemente vários sintomas têm surgido. Distorção da imagem corporal, baixa autoestima, tristeza, ansiedade, doenças cardíacas, diabetes e anemia são algumas comorbidades relacionadas. O objetivo deste trabalho foi buscar indícios de que os hábitos alimentares na infância e na juventude podem influenciar o desenvolvimento de transtornos alimentares e comorbidades psicológicas na idade adulta, embasando a experiência prática de voluntariado no Programa Interdisciplinar de Nutrição aos Transtornos Alimentares e Obesidade (PRONUTRA-UNIFOR). Foi realizada uma pesquisa bibliográfica livre na base de dados Scielo através do Google Acadêmico, com os descritores “comportamento alimentar”, “transtornos alimentares” e “depressão”. De 170 artigos retornados, 14 artigos foram selecionados devido à especificidade do conteúdo. Além dos artigos incluídos, foram utilizados dois livros específicos sobre o tema para embasar a discussão. Os artigos selecionados estavam em língua portuguesa e foram publicados entre 1999 e 2012. Dentre os artigos selecionados 9/14 eram revisões bibliográficas tradicionais, 1/14 metanálise, 3/14 pesquisas de campo e 1/14 pesquisa teórica. Foram discutidas não somente as conclusões dos autores das revisões de literatura, como também os autores citados por eles. Apenas 4/14 artigos, referiam-se sobre a relação entre alimentação na infância e o desenvolvimento de transtornos alimentares na adolescência e vida adulta, uma vez que hábitos adquiridos muito cedo tendem a permanecer durante o resto da vida. Os quatro, no entanto, ressaltaram a importância das escolhas alimentares dos pais como principal incentivador das escolhas futuras dos filhos. Sobre as escolhas dos jovens, 8/14 salientaram que os meios de comunicação as influenciaram, tanto no que diz respeito ao consumo de alimentos não saudáveis como à busca por corpos e estilos de vida apresentados. A depressão como comorbidade dos transtornos alimentares ou como fator que impede a mudança do comportamento alimentar foi apontada em 12 artigos. As escolhas alimentares dos pais estão fortemente ligadas com o comportamento alimentar dos filhos pequenos, influenciando tipo, duração e frequência das refeições. A exposição a diferentes alimentos de forma repetida aumenta a experiência alimentar, construindo assim padrões de aceitação mais amplos. As escolhas alimentares são determinadas predominantemente por fatores familiares e culturais, mais do que pelo conhecimento de seus benefícios. Os transtornos alimentares envolvem a não aceitação da autoimagem, do corpo, da forma ou do peso, e afetam principalmente os jovens. Quando deprimidas, as pessoas tendem a não conseguir manter a dieta e praticar exercícios físicos. O comportamento alimentar depende de uma série de fatores, familiares, culturais e emocionais. Os sentimentos negativos como tristeza, baixa autoestima, ansiedade e estresse influenciam o aumento de peso e a má alimentação. Os transtornos alimentares acometem cada vez mais crianças e jovens, precisando ser tratados por uma grande equipe multidisciplinar. Estratégias de prevenção incluem campanhas de conscientização e o tratamento deve ser associado ao acompanhamento psicológico.