Na presente pesquisa, que deteve como corpora a 2º versão revista da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), objetivamos analisar o lugar da variação linguística na BNCC para os Anos Finais do Ensino Fundamental. Para isto, partimos de objetivos específicos, os quais se referem a: 1) Apresentar a estrutura da BNCC, em especial a área de Linguagens; 2) Observar a concepção de língua que fundamenta a Base; 3) Verificar o lugar pensado para o tratamento da variação linguístico no documento nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Para a realização da referida pesquisa, alicerçamo-nos em uma metodologia de natureza descritiva e interpretativa com abordagem qualitativa. A partir da análise do corpus, percebemos que a BNCC está arquitetada e planejada em torno da aprendizagem e do desenvolvimento das cinco áreas de conhecimento. Além disso, observa-se que, especificamente na área de Linguagens, os componentes curriculares possuem interligações, resultando em uma abordagem metodológica multidisciplinar, na qual as áreas de conhecimentos encontram-se entrelaçadas a partir dos Temas Especiais, dos Eixos e dos Campos de Atuação. Além destas considerações estruturais, observamos que a concepção de língua que fundamenta a Base refere-se à língua como interação, sobretudo pelo documento compreender os estudos linguísticos como uma prática social situada na esfera discursiva, além de atribuir características de marcação identitária e cultural à língua, também ressaltando as relações de poder e dominação instauradas por ela. É através desta concepção de língua que se abre o espaço para as discussões pertinentes ao campo da Sociolinguística, especificamente no que tange às variações linguísticas. Neste sentido, constatamos que há sim um lugar para o trabalho com a variação linguística na BNCC, o qual é demarcado como um dos seis objetivos que norteiam e fundamentam a Educação Básica. Também percebemos que, nos Anos Finais do Ensino Fundamental, este lugar não é compreendido como fixo, delimitado, mas, sim, em uma perspectiva que permite uma abordagem progressiva quanto aos conteúdos referentes a esse fenômeno, tendo em vista que estes acompanham o aluno desde o 6º ao 9º ano, ou seja, o acompanham gradativamente em sua formação escolar. Apesar do reconhecimento deste lugar, ressaltamos a ausência metodológica voltada para a aplicação didática dos assuntos referentes à variação linguística, até porque a Base não se propõe como currículo. Em razão desta ausência metodológica, destacamos tanto o papel dos currículos como a postura do professor como elementos determinantes para o processo de ensino-aprendizagem, no que se refere a este fenômeno linguístico.