OLIVEIRA, Gabriel Pereira De. Clima e história em thomaz pompeu de sousa brasil. Anais CONADIS... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/50594>. Acesso em: 25/11/2024 02:26
O tema do meio ambiente vem-se tornando cada vez mais importante no mundo contemporâneo. Em uma realidade marcada por agravamento da poluição, desmatamentos, extinções de espécies da fauna e flora, aquecimento global, sentido de modo muito intenso em ambientes como o do semiárido, não é de estranhar que os receios em torno de pautas como a das mudanças climáticas ganhem mais espaço em diversos grupos sociais. Essas questões são fundamentais à manutenção da vida no planeta e demandam urgentemente a renovação de práticas sociais, bem como a reformulação das políticas públicas. Porém, o debate sobre esse assunto não é de todo uma novidade, mas tem uma longa história. Neste trabalho, tenho o objetivo de analisar as discussões sobre mudanças climáticas e sua relação com a arborização feitas por Thomaz Pompeu de Sousa Brasil nos sertões semiáridos do Brasil entre 1846 e 1859. Nesse período, o referido estudioso da província do Ceará publicou várias reflexões sobre o clima com base na observação de paisagens e diálogos tanto com grandes nomes do mundo científico do Brasil e da Europa quanto com habitantes dos sertões. As bases metodológicas deste trabalho se fundamentam em diálogos com parâmetros da história das ciências e da História Ambiental, sob a ideia de pensar as interações e redes situadas historicamente entre seres humanos e outros elementos do mundo biofísico. Nesse sentido, examinarei os referidos estudos sobre o clima, mais especificamente sobre a seca, que Thomaz Pompeu divulgou em periódicos e livros. Diante dos sertões áridos do Brasil, essas leituras das dinâmicas atmosféricas foram ferramenta de grande importância para as intenções do estudioso em obter prestígio político sob o ideal de progresso. Toda essa reflexão permite repensarmos, por exemplo, a complexidade e historicidade da questão das mudanças climáticas, de modo a assumirmos posturas mais críticas nos debates atuais. Além disso, ao investigar os estudos dos meados do século XIX, podemos também entender a construção do Império sob novos prismas, como o da ecologia, e repensar marcos históricos, entendendo a importância da seca em momentos anteriores ao que à grande intempérie de 1877. Aliás, se hoje há uma grande preocupação em torno de assuntos como as mudanças climáticas, em épocas como o século XIX esse tema foi motivo não somente de medo, mas também constituiu uma meta científica da maior importância a muitos estudiosos de várias partes do planeta, inclusive para Thomaz Pompeu, nos sertões do Brasil. Em suma, cabe destacar quão importante é pensar e construir os debates atuais sobre o meio ambiente não somente desde os parâmetros das chamadas “ciências da natureza”, mas também com os aportes do campo da historiografia. Afinal, pensar historicamente a questão ecológica é essencial para aprofundar as discussões hoje, compreendendo como esse tema vem-se fazendo ao longo do tempo.