O desenvolvimento humano, com exigências cada vez mais expressivas e o avanço da atividade industrial tem causado sérios prejuízos ao meio ambiente. A produção de tintas é uma dessas atividades que impactam e poluem os recursos naturais, sobretudo o solo, pela disposição e descarte dos resíduos. Assim, torna-se importante investir na produção com sustentabilidade. Esse apelo direciona o mercado a buscar novas tecnologias como alerta à possível escassez de materiais. Temáticas e princípios direcionados à promoção da sustentabilidade cada vez mais orientam o mercado da construção, considerado um dos setores que mais causa impactos ao meio ambiente, devido ao alto consumo de materiais, energia e geração de resíduos (SANGUINETTO, 2010). No contexto da construção a utilização de novas alternativas para pintura é uma urgência e o uso da tinta à base de terra é uma alternativa inovadora, econômica e viável e de forte apelo socioambiental. As práticas de pintura que usam o solo como pigmentos naturais existem desde os primórdios da humanidade e seguem até os dias de hoje, sendo largamente utilizadas nos mais variados locais e, sobretudo no ambiente rural, mas é grande atrativo no mundo moderno das cidades grandes (CARVALHO, 2007). Esse processo de baixo custo e impacto ambiental mínimo, compreende produtos, técnicas e metodologias que visam a transformação social, favorecendo a organização das comunidades, desenvolvendo a criatividade e ocasionando a melhoria da autoestima dos envolvidos, além de proporcionar alternativa de renda (VITAL et al., 2011). O uso da tinta de terra pode ser igualmente uma alternativa de valorização das potencialidades do solo, geração de trabalho, renda, bem como fator de cidadania, apresentando-se como uma proposta inovadora de valorização do solo (CAPECHE, 2010; SILVA et al., 2013). Atualmente os consumidores tem exigidos produtos mais sustentáveis e de baixo custo, e devido ao desenvolvimento tecnológico no setor de produções de tintas tem sido possível oferecer ao consumidor produtos de qualidade, sustentável e de baixo custo (SANTOS, 2010). Segundo Carvalho (2009), o solo vem sendo amplamente utilizado de forma não agrícola para fabricação de tintas por ser considerado um pigmento de baixo custo, fácil acesso e pelas atribuições de sustentabilidade dada ao produto final. O uso de tintas ecológicas tem contribuído para a preservação e conservação dos solos, pois envolve os princípios da bioarquitetura e bioconstrução (VITAL et al., 2018). Portanto objetivou-se apresentar a percepção de estudantes da turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) sobre a pintura com tinta de terra, como ecotecnologia social para a valorização das potencialidades não agrícolas do solo e oportunidade de geração de trabalho e renda. As atividades aconteceram no Ateliê da Geotinta (CDSA-UFCG). Inicialmente os estudantes conheceram o perfil didático do solo e o banco de cores da terra. A seguir foi aplicado um questionário semiestruturado para verificar o entendimento dos participantes sobre a morfologia e uso não agrícola do solo. A seguir realizou-se a oficina de pintura com terra (geotinta). Os resultados apresentam a ausência de conceitos sobre as características do solo e suas potencialidades não agrícolas. Após a oficina a percepção dos agricultores mudou e estes revelaram-se entusiasmados pela tinta de terra, como inovação para pintura de peças de diferentes materiais e como oportunidade de agregar renda pelo artesanato. Evidencia-se a geotinta como possibilidade para disseminação de conceitos sobre o solo, promoção de posturas sustentáveis e ecotecnologia para inovação.