SANTOS, Cynthia Patricia De Sousa et al.. . Anais CONADIS... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/50716>. Acesso em: 24/11/2024 22:17
No Rio Grande do Norte, em 2013 foram extraídos 1.306.462 m³ de madeira para energia aplicados em setores residenciais, comerciais e industriais (SEDEC, 2006; BRASIL, 2018). Segundo Galdino et al. (2014), esse fato ocorre porque a lenha é a fonte mais abundante na região Nordeste e o seu preço é inferior às demais que compõem a matriz energética. Quando se considera o uso sustentável e a comercialização da madeira para uso energético é importante conhecer as características que conferem qualidade à madeira para tal fim, de modo a determinar o valor combustível considerando a diversidade de espécies presentes no semiárido. Dessa maneira, afim de identificar a variação das características energéticas da madeira a pesquisa teve como objetivo determinar o índice de valor combustível da madeira de diferentes espécies florestais do semiárido, em área sob manejo florestal. O material para estudo foi coletado na Fazenda Milhã/Poço da Pedra, localizada na região Agreste, microrregião de Serra Verde, Rio Grande do Norte. A escolha das espécies foi realizada conforme o índice de valor de importância (IVI) que considera a densidade, frequência e dominância relativa das espécies. Sendo assim, foram amostradas três árvores por espécie e de cada amostra retirados discos com 15 cm de espessura. Os discos foram transformados em serragem, com o auxílio de um moinho de laboratório tipo Wiley, de acordo com a norma 257 om-52 e posteriormente peneiradas, selecionando-se a fração retida na peneira n° 24 internacional, com malha de 60 mesh (ASTM, 1982). Posteriormente foram realizadas as análises de teor de cinzas segundo a (ASTM E1755-2001, 2007), densidade básica da madeira (ABNT NBR 11941, 2003), poder calorífico superior (ABNT NBR 8633, 1984) e o índice de valor combustível (Purohit e Nautiyal, 1987). De acordo com o IVI foram determinadas as espécies: Poincianella pyramidalys (catingueira), Caparis flexuosa L (feijão-bravo), Ziziphus joazeiro (juazeiro), Piptadenia stipulacea (jurema branca), Mimosa tenuiflora (jurema preta), Croton sonderianus (mamerleiro) e Aspidosperma pyrifolium (pereiro). Obteve-se diferentes resultados quanto ao índice de valor combustível (IVC): Poincianella pyramidalys (2,6 b), Caparis flexuosa L (4,4 b), Ziziphus joazeiro (6,1 b), Piptadenia stipulacea (15,2 b), Mimosa tenuiflora (20,9 b), Croton sonderianus (12,1 b) e Aspidosperma pyrifolium (56,5 a). Ramos (2007), observou valores diferentes do IVC ao encontrado no estudo como o marmeleiro (30,9), catingueira (26,6), jurema branca (22,4) e jurema preta (22,6). Como o índice considera variáveis positivas para o valor combustível, como o poder calorífico superior e a densidade básica da madeira, e uma variável negativa, o ter de cinzas, entende-se que o valor elevado do teor de cinzas de todas as espécies estudadas, com exceção da Aspidosperma pyrifolium, afetou significativamente o IVC. Apenas a espécie Aspidosperma pyrifolium apresenta diferença significativa do IVC em relação às demais espécies. O índice de valor combustível da madeira das espécies inseridas no semiárido é variável de acordo com as suas características energéticas. Nesse sentido, a venda dos maciços florestais naturais para energia não poderia ser realizada com base no volume de madeira, mas sim pela quantidade de energia que determinada espécie possui.