PENAFORTE, Jaila. Escola. Anais VII ENALIC... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/52124>. Acesso em: 23/11/2024 14:28
ESCOLA, CURRÍCULO E PROFESSOR: FLUXOS DE UM TEMPO NA VOZ DE PROFESSORES DO SÉCULO XXI Jaila Penaforte[1]/FURB Profª. Dra. Gicele Maria Cervi[2]/FURB Eixo Temático: Políticas educacionais, avaliação e Currículo -com ênfase nas novas demandas curriculares para a formação de professores e para a docência no cotidiano das escolas de educação básica. Agência Financiadora: FURB Resumo Esta pesquisa, cujo tema refere-se à Escola, ao Currículo e ao Professor, olha para a instituição escolar como um lugar inventado na modernidade para produzir um corpo marcado, e por isso convida pensar sobre o objeto deste estudo, o docente, que vive o cotidiano deste lugar no século XXI. O objetivo geral da pesquisa é problematizar fluxos que transitam entre a Escola, o Currículo e o Professor. Os objetivos específicos são: (i) mapear os professores entrevistados compreendendo a relação destes com a Escola; (ii) analisar práticas discursivas dos professores do século XXI. Trata-se de uma pesquisa pós-crítica, com metodologia qualitativa, de natureza básica, realizada em duas escolas públicas municipais de Blumenau, cujos sujeitos foram dez professores do ensino fundamental, especificamente do 6º ao 9º ano. O instrumento utilizado para a produção dos dados contou com uma entrevista semiestruturada, para qual foi elaborado um roteiro dividido em dois blocos; o bloco 1 contemplou perguntas que se referiram a possíveis atividades que os professores realizam fora do ambiente escolar; o bloco 2 direcionou os questionamentos sobre a profissão professor. Os aportes teóricos foram Julia Varela e Fernando Alvarez Úria (1991) para discutir a Escola sob a perspectiva de uma escola inventada, um lugar de estratificação e hierarquização; uma maquinaria que em sua função, estabeleceu a nova ordem social e mental, instrumentalizando dispositivos que se configuraram a partir da modernidade (VARELA e ÚRIA, 1991). Ao problematizar a instituição escolar como um lugar de produção de subjetividade, este estudo, ampara-se em Michel Foucault (2013) para pensar processos disciplinares e de controle nas práticas discursivas que se encontram na escola contemporânea. Para Foucault (2013), as técnicas disciplinares foram intensificadas para fabricar indivíduos sob o uso de dispositivos como o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e, sua combinação num procedimento que lhe é específico: o exame. O poder disciplinar "separa, analisa, diferencia, leva seus processos de decomposição até às singularidades necessárias e suficientes" (FOUCAULT, 2013, p. 165). Para compreender os fluxos instituídos na transição da sociedade disciplinar para a sociedade de controle, a pesquisa dialoga com Gilles Deleuze (1992). Diferente da sociedade disciplinar, em Deleuze (1992), quando o poder era massificante e individuante, na sociedade de controle os indivíduos tornaram-se divisíveis, "dividuais". "O homem da disciplina era um produtor descontínuo de energia, mas o homem do controle é antes ondulatório, funcionando em órbita, num feixe contínuo" (DELEUZE, 1992, p. 216). Pelas mesmas veredas teóricas, outros autores como Paula Sibilia (2012), Inés Dussel e Marcelo Caruso (2003), Tomaz Tadeu da Silva (2015), Alice C. Lopes e Elizabeth Macedo (2011), Dagmar Estermann Meyer e Marlucy Alves Paraíso (2014), Gicele Cervi (2013), Silvio Gallo (2002), Alexandre Filordi de Carvalho (2014), André Favacho (2014), também susterão as discussões desta pesquisa. Os dados produzidos pelos sujeitos da pesquisa, dez professores e, analisados por este estudo científico, inferiu ao problematizar os fluxos que transitam entre a escola, o currículo e o professor, que na sociedade deste tempo, no século XXI, os professores mostram-se em e nos fluxos quando atendem às necessidades de um cotidiano rápido e de controle contínuo. Suas ações, hábitos pessoais e atribuições profissionais, estão em constantes dívidas: É preciso "fazer"; se não as faz, tem-se a consciência disto e a autoculpabilização; se as faz, entendem-se num aprimoramento de suas realizações ou na ampliação delas. Através da análise do mapeamento e das práticas discursivas dos professores entrevistados, a pesquisa mostrou que fatores provenientes da profissão como carga horária excessiva, remuneração e anos de docência, fazem-se imbricados na vida que o professor do século XXI tem fora do ambiente escolar; da mesma forma, fatores que não são possíveis de realização no âmbito pessoal dos docentes participantes, interferem na sua prática cotidiana pedagógica na escola que atende a este tempo. Esta pesquisa está inserida no grupo Políticas de Educação na Contemporaneidade, pertencente à linha de pesquisa Educação, Cultura e Dinâmicas Sociais, do Programa de Pós-Graduação do Mestrado em Educação (PPGE) da Universidade Regional de Blumenau. Palavras-chave: Escola. Currículo. Fluxos. Professor. Referências CARVALHO, Alexandre Filordi de. Foucault e a Função-Educador. 2. ed. Ijuí: Unijuí, 2014. CERVI, Gicele Maria. Política de gestão escolar na sociedade de controle. Rio de Janeiro: Achiamé, 2013. DELEUZE, G. Conversações (1972-1990). Tradução de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. DUSSEL, Inés; CARUSO, Marcelo. A invenção da sala de aula: uma genealogia das formas de ensinar. Tradução de Cristina Antunes. São Paulo: Moderna, 2003. FAVACHO, André Marcio Picanço. A problematização moral da docência. Educação em Perspectiva, Viçosa, v. 5, p.48-71, 2014. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 41 ed. Petrópolis: Vozes, 2013. GALLO, Sílvio. Em torno de uma educação menor. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 27, n. 2, p.169-178, jul./dez. 2002.