LOBATO, Edna Dos Santos. Inclusão do aluno com baixa visão nas aulas de biologia. Anais VII ENALIC... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/52217>. Acesso em: 23/11/2024 13:24
= INCLUSÃO DO ALUNO COM BAIXA VISÃO NAS AULAS DE BIOLOGIA Edna dos Santos Lobato/ednalobato04@gmail.com/IFPA-Campus Abaetetuba Benilson Silva Rodrigues/IFPA-Campos Abaetetuba Eixo Temático: 1. Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase em educação inclusiva para o educando com Baixa Visão. Resumo A obrigatoriedade das instituições de ensino em matricular e acolher pessoas independente do tipo e grau de deficiência é prevista pela Lei N° 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996). Todavia, somente a criação de leis e seu cumprimento não certifica a efetivação da inclusão escolar. A fim de que esse processo seja de fato satisfatório é necessário que haja o comprometimento de todos os envolvidos que participam da vida escolar desse aluno, ou seja, os próprios alunos, professores, profissionais da educação, pais e comunidade para que ocorra um processo efetivo de ensino aprendizagem para estimular as potencialidades desses indivíduos (SCARDUA, 2008). A inclusão escolar enfrenta diversos desafios e acaba se tornando muitas vezes apenas uma integração. Muitos desses desafios são ocasionados pela qualificação insatisfatória do corpo docente, infraestrutura inadequada para receber esses educandos e carência de materiais adequados para auxiliar no processo de ensino aprendizagem. De acordo com Gil (2000), a deficiência visual é caracterizada por pessoas que tem Baixa Visão ou Cegueira, onde Baixa Visão é descrita como alteração da capacidade funcional do campo visual e que se deve a diversos fatores. Já a cegueira é descrita como perda total da visão e que pode ser congênita ou adquirida ao longo da vida. É fundamental que o docente conheça a diferença entre essas duas classificações para estabelecer recursos com a finalidade de auxiliar no processo de ensino aprendizagem do educando. Diante disso, a iniciativa desta pesquisa surgiu a partir da preocupação em verificar como ocorre a inclusão do aluno com baixa visão no ensino regular. Este trabalho objetivou verificar como se da o processo de ensino aprendizagem para o desenvolvimento do aluno com baixa visão nas aulas de Biologia, identificando a importância do professor para a inclusão do aluno no ensino regular e verificando os recursos pedagógicos utilizados para auxiliar nesse processo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter descritiva dos acontecimentos vivenciados, a coleta de dados se deu através das observações em sala de aula. A mesma foi desenvolvida em uma Escola regular da rede Pública Estadual, localizada no município de Abaetetuba-Pa em uma turma do segundo ano do ensino médio, onde uma adolescente com Baixa Visão foi acompanhada durante as aulas de Biologia, no período da manhã durante um mês. A pesquisa revelou que ainda são encontradas diversas fragilidades quando se trata de inclusão no âmbito escolar, uma vez que muitos professores não apresentam formação adequada, estratégias de ensino e habilidade para lidar com as dificuldades do educando em sala de aula e esses impasses vêm desde sua formação acadêmica, visto que em geral os professores não recebem preparação especial para lidar com esses alunos. Na escola em questão, os professores são sempre informados pela secretaria sobre os alunos que precisam de necessidades educacionais especiais a fim de que entrem cientes dentro da sala de aula sobre a realidade que vão encarar, porém durantes as observações foi possível notar que nas aulas administradas pela professora de Biologia não foi utilizado nenhum tipo de metodologia facilitadora para auxiliar a explicação e compreensão do conteúdo, aplicação de exercícios, trabalhos e testes, visto que no ensino de Biologia essa interação metodológica é fundamental para a assimilação das diversas estruturas e texturas trabalhadas, uma vez que essa é uma disciplina considerada complexa. Não havia planejamento para utilização de recursos didáticos que favorecesse o entendimento dos assuntos estudados e que possuíssem estímulos táteis e visuais para proporcionar um ensino significativo. Não foi observado também nenhum tipo de recursos ópticos como: lupas e telelupas e nem recursos não ópticos como: modificações ambientais, ampliação de livros, provas e atividades em geral através de impressos ampliados, o que faz muita diferença no processo de construção do conhecimento desse público, pois sem o auxilio desses estímulos para aumentar o potencial visual o aluno pode estar fadado ao fracasso escolar. Foi possível perceber certo distanciamento entre a professora de Biologia e a aluna, em razão de não ter sido notado nenhum contato específico entre ambas para uma maior atenção as dificuldades da educanda. A aluna também apresentava dificuldades de socialização com os demais alunos em sala de aula, a mesma passava a maior parte do tempo apenas presenciando os movimentos em sala como se não fizesse parte do ambiente e se mostrava entediada tanto nos momentos de intervalo quanto durante as explicações dos assuntos, recebendo atenção vez ou outra dos colegas, o que demonstra apenas uma integração dentro da sala de aula e não de fato a inclusão da mesma nesse local. Na maioria das vezes essa falta de socialização ocorre devido os demais alunos não saberem como se relacionar com a pessoa com Baixa Visão, o que a deixa frequentemente isolada, sendo assim, o ambiente escolar que deveria ser acolhedor, muitas vezes reforça a exclusão e se torna um espaço onde a diversidade não é valorizada. Foram feitas observações também na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), para compreender o apoio que o educando com Baixa Visão recebe neste espaço. Ainda que não seja função do AEE, a sala de recursos nessa escola também funciona como reforço escolar, pois os alunos precisam desse suporte devido às dificuldades em absorver o ensino dentro da sala de aula, o que geralmente acontece pela falta de preparo do professor e apesar de gerar uma carga extra para a professora da sala de recursos é uma forma de motivar os educandos a continuarem seus estudos, porém mesmo com todo desempenho da sala de recursos, dentro da sala de aula a educanda não recebia atenção similar da professora, o que torna insatisfatório o processo de desenvolvimento da mesma. Assim sendo, conforme tudo o que foi descrito é primordial que a escola ofereça educação de qualidade aos alunos com Baixa Visão, levando em consideração fatores como o respeito aos regulamentos da inclusão escolar para se ajustar as especificidades do aluno, pois os educandos com Baixa Visão precisam ser tratados como qualquer outro no que diz respeito aos aspectos da vida escolar, visto que apresentam as mesmas motivações quando se trata do interesse em aprender e as mesmas condições de aprendizagem de uma pessoa vidente, porém o que vai diferenciar seu sucesso escolar é a forma como a aprendizagem é promovida quando se trata de metodologias e recursos utilizados pelos docentes. É imprescindível que o professor busque capacitação para saber identificar as dificuldades dos seus alunos e assim adaptar os conteúdos e suas metodologias para abranger os mesmos e atender suas peculiaridades de uma forma que os educandos consigam assimilar o que esta sendo estudado, seja esse aluno deficiente ou não. Palavras-chave: Atuação de professores; Educação inclusiva; Processo de ensino aprendizagem. Referências BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC, 1996. GIL, Marta (Org.). Deficiência visual. Brasília: MEC/SED, 2000. 80 p. SCARDUA, Valéria Mota. A inclusão e o ensino regular. Revista FACEVV - 2º Semestre de 2008 - Número 1. Pag. 85 - 90.