UMA ANÁLISE SOBRE O PROCESSO DE MUSICALIZAÇÃO INFANTIL NO UUNDC Amanda Araújo de Sousa/amandaraujo.96@gmail.com/Universidade Federal do Ceará Filipe Ximenes Parente /filipeximenes@ufc.br/Universidade Federal do Ceará Rubens Tadeu Passos Carneiro /rubenstadeumusicpc@hotmail.com/Instituto Federal do Ceará Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas. Resumo O presente trabalho tem como objetivo relatar e analisar o processo de musicalização infantil realizado Unidade Universitária Federal de Educação Infantil Núcleo de Desenvolvimento da Criança (UUNDC), buscando entender os caminhos percorridos e as estratégias utilizadas para este processo. De acordo com Fonterrada (2008), acredita-se que é na primeira infância que as bases sensoriais, afetivas, mentais, morais, sociais e estéticas são construídas. Uma das primeiras experiências sonoras do ser humano ocorre no útero, pois os bebês convivem com um ambiente sonoro que é o corpo da mãe, nele a criança escuta o som do sangue que flui nas veias, respiração, movimento do intestino e principalmente a voz da mãe que passa a ser uma referência afetiva. Diante disso é importante inserir a música nessa fase já que a mesma vai contribuir para o desenvolvimento da criança, pois os primeiros anos de aprendizagem são os mais propícios para que ela comece a entender o que é a linguagem musical. O período de prática e observação desta pesquisa se deu entre o ano de 2017, e o primeiro semestre de 2018, onde tive a oportunidade de ampliar minhas reflexões a respeito da prática docente em música imersa em um ambiente de educação infantil. Desta maneira, esta pesquisa é um relato e análise de uma prática docente que buscou estimular a sensibilidade das crianças ao fazer artístico musical através do processo de musicalização. Durante a prática docente buscou-se desenvolver questões como: sensibilidade, percepção auditiva, a atenção e a exploração de sonoridades por meio de atividades lúdicas. Essa vivência trouxe novas aprendizagens e reflexões importantes sobre a relevância da inserção do ensino de música na educação infantil, já que a mesma vem acompanhando o ser humano ao longo de sua história. Dessa forma entendemos que a inserção da música na infância pode ocorrer de maneira intuitiva por meio do contato com os sons que a cercam já que a mesma é capaz de captar os ruídos do ambiente ao redor, ouvir o barulho das águas, o cantar dos pássaros e desde os primeiros anos de sua vida já responde a esses estímulos sonoros com movimentos corporais, gritos e balbucios. As crianças possuem um jeito singular, pensam e sentem o mundo de um jeito próprio e nas suas interações com mundo revelam seu esforço de compreender aquilo que as cerca e assim explicitam seus desejos e condições de vida (Kebach, et al., 2018). No processo de construção do conhecimento as crianças utilizam-se das mais diferentes linguagens, possuem ideias originais sobre aquilo que buscam descobrir e as atividades artísticas proporcionam a elas um meio de manifestar o seu mundo subjetivo. Willems (1960) acreditava que inserindo a música no ambiente da criança a aprendizagem dela seria mais espontânea por conta da intimidade com a arte. Fonterrada (2008) ressalta a importância que Willems (1960) dava para o preparo da criança "para ele, toda criança pode ser preparada auditivamente, de modo a aprender a ouvir os materiais sonoros básicos que compõem a música e a organizá-los como experiência musical". Para isso acontecer o professor deve estar atento em como desenvolver esse trabalho já que a criança não é um adulto e enxerga o mundo de maneira diferente. Conforme Brito (2003) a criança é um ser brincante e é brincando que ela faz música e é dessa forma que a criança aprende a se relacionar com o mundo, através do ato de brincar e é por meio das brincadeiras que elas aprendem novos sons e os mistérios que envolvem a música. Esta pesquisa tem caráter qualitativo com delineamento em uma observação participante que segundo Deslauriers (1991) é uma pesquisa em que o cientista é o sujeito e o objeto de pesquisa, por isso o desenvolvimento da pesquisa é imprevísivel, mas é capaz de produzir informações aprofundadas e ilustrativas. As aulas no UUNDC ocorriam uma vez por semana com duração de 20 à 30 minutos. No primeiro semestre de 2017 a atuação ocorreu por meio de observações na turma de Infantil 3, foi observado como era realizado o desenvolvimento das aulas pelas professoras Pedagogas e como elas conseguiam fazer as crianças participarem de suas propostas. No segundo semestre de 2017 minha atuação foi realizada com ajuda de outros alunos de Estágio II, combinamos que cada participante desenvolveria quatro planos de aulas para serem aplicados durante o semestre nas turmas Infantil 3 e 4. A experiência foi importante, pois ao término de cada aula debatiamos sobre o que tinha sido realizado com êxito e o que não havia saído como planejado. No primeiro semestre de 2018 foi o momento em que tive que trabalhar ainda mais para realização dos planos de aula, pois os outros alunos de estágio atuaram em dias diferentes. Atuar na educação infantil foi algo novo e no começo do segundo semestre de 2017 algumas atividades não foram atrativas para as crianças, principalmente no infantil 3, pois eles logo se dispersavam. Contudo, depois de alguns erros eu e meus colegas conseguimos entender como cada turma funcionava e aprimoramos o desenvolvimento das atividades musicais em sala. Parente (2015, p 37) destaca a importância da relação entre docente e discente como meio para aprendizagem "docentes e discentes se constituem, se criam e recriam mutuamente, numa invenção de si que também é invenção do outro. Essa relação com o outro é a matéria de que é feita à docência." As crianças interagiam com a presença de instrumentos musicais no ambiente da sala de aula e isso era observado pelo nível de concentração e atenção durante a aula. No primeiro semestre de 2018 quando realizei a atuação sem ajuda dos meus colegas comecei a buscar um livro que tivessem atividades voltadas para crianças e encontrei o livro "Expressão musical na educação infantil" que me ajudou bastante nas aulas, realizei algumas das propostas do livro e a partir desse momento comecei a pesquisar atividades musicais na internet para incrementar algumas ideias que tinha no livro. Foi observado ao final desta experiência a evolução do envolvimento das crianças com as propostas levadas para sala, o aumento da sensibilidade dos alunos a música através da memorização de melodias, reconhecimento de timbre e alguns parâmetros sonoros. A experiência docente musical na educação infantil foi bastante significativa, pois foi um momento em que pude colocar em prática os conhecimentos adquiridos no curso e isso contribuiu na minha formação como estudante de música e futura professora. Palavras-chave: Musicalização infantil, docência, estágio supervisionado, aprendizagem. Referências BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil: Propostas para formação integral da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003. FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. 2.ed -São Paulo: Unesp, 2008. KEBASH, Patrícia Fernanda Carmen. Expressão musical na Educação Infantil. 1.ed- Porto Alegre, RS: mediação, 2018. PARENTE, Filipe Ximenes. A música local na escola cearense: uma análise sobre as trajetórias da formação docente. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Educação, Programa de Pós- Graduação em Educação Brasileira, Fortaleza, 2015.