PADOVANI, Micheline Tacia De Brito. Alencar: cultura e identidade na obra til. Anais do I CONEIL... Campina Grande: Realize Editora, 2020. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/72032>. Acesso em: 24/11/2024 22:16
A PRODUÇÃO E ASCENSÃO DO CAFÉ NAS FAZENDAS DO INTERIOR PAULISTA, REGIÃO DE PIRACICABA, REPRESENTADA NA OBRA TIL, DE JOSÉ DE ALENCAR, RETRATAM A VIDA NAS FAZENDAS, A ECONOMIA, A CULTURA E A IDENTIDADE POR MEIO DE UMA LINGUAGEM OUSADA QUE EMPREGA NEOLOGISMOS PARA DEMONSTRAR “UM DIALETO NOSSO”. NESSA ESTEIRA DE PENSAMENTO, DESTACAMOS QUE O CONTEXTO É A SITUAÇÃO HISTÓRICO-SOCIAL DE PRODUÇÃO HUMANA DISCURSIVA, NAS QUAIS SE FAZ PRESENTE ELEMENTOS E MANIFESTAÇÕES REAIS DE PRODUÇÃO. CONVÉM DIZER QUE AO PRODUZIR DISCURSOS, O SUJEITO COMPARTILHA QUESTÕES IDEOLÓGICAS E IDENTITÁRIAS. SEGUNDO CHARAUDEAU E MAINGUENEAU (2005, P. 261) “O DISCURSO QUASE NUNCA É HOMOGÊNEO: ELE MISTURA DIVERSAS SEQUÊNCIAS TEXTUAIS”, NESTE CASO, PODEMOS DIZER QUE O DISCURSO É MARCADO PELOS DISCURSOS DO ENUNCIADOR E DOS OUTROS ENUNCIADORES. COM ISSO, PODEMOS RESSALTAR QUE A LITERATURA APONTA UM CONTEXTO EM QUE REAL E IMAGINÁRIO SE ENTRECRUZAM PARA REVELAR COMPORTAMENTOS, SENTIMENTOS, MANIFESTAÇÕES SOCIAIS, CRENÇAS E RITUAIS. PARA TEVES (2002, P. 64) A APREENSÃO DO REAL SE DÁ QUANDO OCORRE UMA ACEITAÇÃO SOCIAL POR MEIO “DE IMAGENS DE REPRESENTAÇÕES, ARTICULADAS ENTRE SI E QUE CIRCULAM NA SOCIEDADE”. PARTINDO DESSA PREMISSA, OBJETIVAMOS ANALISAR COMO SE DÁ A REPRESENTAÇÃO CULTURAL E DE IDENTIDADE LOCAL. A PESQUISA FUNDAMENTA-SE EM: CHARAUDEAU (2004 E 2006), FOUCAULT (2013), MAINGUENEAU (1995, 1996, 1997, 1998, 2002, 2004, 2006 E 2008), BHABHA (2003), TEVES (2002), ENTRE OUTROS. O PERCURSO METODOLÓGICO INCLUIU ESTUDO HISTÓRICO PARA COMPREENDER O CONTEXTO DE PRODUÇÃO DA OBRA, ALÉM DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA NARRATIVA E PARTICULARIDADES DOS PERSONAGENS, POIS ESSE TRABALHO LITERÁRIO SERVE COMO INSTRUMENTO DISCURSIVO PARA REPRESENTAÇÃO CULTURAL, IDENTITÁRIA E HUMANA EM CONTEXTO REGIONAL. ASSIM, PRETENDEMOS MOSTRAR QUE A LINGUAGEM É UM RECURSO LITERÁRIO QUE SINTETIZA UMA TENSÃO VIGENTE NO CONTEXTO SOCIAL E HISTÓRICO, PAUTADA NO CONFLITO ENTRE A VIOLÊNCIA E A ORDEM. PARA MAINGUENEAU (1995, P.146) AS IDEIAS CONTIDAS NO DISCURSO LITERÁRIO APRESENTAM “UMA MANEIRA DE DIZER QUE REMETEM A UMA MANEIRA DE SER”, DEMONSTRANDO AS DIVERSAS CONSTITUIÇÕES IDEOLÓGICAS E CULTURAIS. A FORMA COMO CADA INDIVÍDUO SE MANIFESTA TEM A VER “COM O LUGAR QUE CADA UM OCUPA EM RELAÇÃO À LÍNGUA... SÃO FALANTES QUE, DADA A PROFISSÃO, O MOMENTO HISTÓRICO EM QUE SE INSEREM, A AGUDA SENSIBILIDADE LINGUÍSTICA, O FINO TRATO COM A AS LETRAS NACIONAIS, QUER NA LITERATURA, QUER NO ENFRENTAMENTO DA FALA COTIDIANA” (BRAIT, 2010, P. 66). ASSIM, REFLEXÕES SOBRE COMO ALENCAR CONTA E VALORIZA ELEMENTOS DA CULTURA BRASILEIRA EM FORMAÇÃO, AO PASSO QUE DOCUMENTA PARTICULARIDADES DE UMA FAZENDA PAULISTA DO SÉCULO XIX, COMO AS CONVENÇÕES DISCURSIVAS E DO MUNDO NO QUAL ESTÁ INSERIDO, SÃO VISTAS PELO OLHAR DISCURSIVO LITERÁRIO, COM IDENTIDADES REGIONAIS, REPRESENTANDO UMA REALIDADE REORGANIZADA. SENDO ASSIM, O ROMANCE DE ALENCAR É CENÁRIO PARA ENCONTRO DE VÁRIOS DISCURSOS COM PARTICULARIDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA FALADA NO SÉCULO XIX, FATO LINGUÍSTICO QUE REVELA O USO DE UM PORTUGUÊS PERPASSADO POR INFLUÊNCIAS DA NATUREZA E DA CULTURA LOCAL.