O objetivo deste artigo é apresentar um trabalho de reflexão linguística sobre o gênero gramatical, realizado com alunos do 9º ano de uma escola municipal de João Pessoa (PB), tomando como pano de fundo o atual debate sobre a possibilidade (ou não) de neutralizar o gênero gramatical na língua portuguesa. Nesse sentido, admitimos que já existem algumas tentativas de neutralização do gênero sendo testadas, motivo pelo qual propusemos a análise dessas possibilidades sob seu contorno morfológico. Camara Jr. (2004 e 2015), Bechara (2006), Furtado da Cunha, Oliveira e Martelotta (2015) e Matos (2021) são algumas das referências teóricas que auxiliam na observação do fenômeno sob o prisma formal e funcionalista, tendo em vista que o recorte utilizado inspira forças de ordem prescritiva, movidas pelo sistema, mas também descritiva e social, movidas pelo uso. Para a realização do trabalho didático, solicitou-se aos estudantes que reescrevessem um determinado fragmento do Manual Escolar do Aluno, fazendo as alterações necessárias para adequá-lo a alguma das possibilidades de neutralização do gênero apresentadas previamente em aula. Os resultados da execução da atividade demonstraram que os discentes perceberam, em alguns casos, a existência da possibilidade dessa neutralização e são capazes de analisá-la criticamente, assim como também apontam lacunas e desafios dessas propostas. Concluiu-se que o estudo das possibilidades de neutralização do gênero merece atenção dos professores em sala de aula e que as mudanças sugeridas pela comunidade LGBTQIA+ precisam de mais tempo e estratégias para a conscientização educacional, experimentação e uso, até que sejam (ou não) efetivadas na modalidade escrita formal.