SILVA, Marinaldo José Da. Jurema encantada: a linguagem de um ritual religioso. Anais I CINTEDI... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/8900>. Acesso em: 24/11/2024 22:08
Entre as culturas populares que dispõem de coisas e signos, há uma manifestação religiosa, a Jurema Santa e Sagrada que também dissolvem saberes, feitiço e magia e repassam entre gerações e gerações. É o universo encantado dos Senhores Mestres, que ora são malandros, ora são cangaceiros, boiadeiros, marinheiros entre tantos outros ‘disfarces’, como o próprio Exu, orixá dos caminhos e da dualidade bastante efêmera. Todos alegres e brincantes bebendo cachaça, dançando coco e fumando cachimbo com fumo de ervas sagradas, bastante respeitadas pelos juremeiros e pelos fiéis. Trataremos em nosso trabalho da Festa dos Mestres na Jurema, enquanto manifestação mágico-religiosa e ritualística e da 'brincadeira' do coco, bastante frequente nas festividades de terreiros. É essencialmente relevante dizer que os Mestres, aqueles que exercem com destreza o seu ofício na Jurema e que incorporam nos seus cavalos ou aqueles que são juremeiros, fiéis, filhos de jurema, são responsáveis, na grande maioria, por todo o processo da cerimônia. Utilizaremos alguns resultados de pesquisa de campo sobre a Jurema e a brincadeira do coco em diferentes espaços, pontuados enquanto eixo das religiões de matrizes africanas. Que o nosso trabalho se detenha nos pontos cantados de Jurema, na sequência do ritual, que obedece a uma ordem de chamadas das entidades que compõem o universo dessa encantaria, nas bebidas oferecidas aos Mestres, nas roupas utilizadas, no cachimbo e seus atributos, até onde podemos revelar, já que a “Jurema é um pau encantado, é um pau de ciência que todos querem saber”.