Os padrões e regulamentos que circulam nos ambientes científicos são elaborados e legitimados pelas pessoas brancas, pois são elas que ocupam os lugares de poder, gestão e liderança. A existência de obstáculos para a autorização e reconhecimento de trabalhos que produzam perspectivas negras é uma realidade. Esses trabalhos são acusados em operar na linha do estranhamento e do não científico, limitando-se à dimensão política. Com a implementação das cotas raciais na pós-graduação dispomos de outras possibilidades epistêmicas que tornam evidente a centralidade africana através da perspectiva afrocêntrica. O referencial teórico (ASANTE, 2009; CARVALHO, 2003; NASCIMENTO, 2009) assumido nesta investigação é contrário à dominação colonial do pensamento, sustentada pelo eurocentrismo. Sendo, assim, a divulgação da matriz de pensamento africana e diaspórica, é uma atividade política, que tem a intenção de tornar cada vez mais recorrente a circulação plural de conhecimentos e paradigmas no interior da academia, que está estruturada unicamente na exclusividade daqueles que detém o monopólio do poder científico. Assim, o objetivo desta investigação é mostrar como os silêncios sobre os processos de exclusão racial, elaborados e estruturados no interior da academia, tem sido manifestado pelos incômodos da obrigatoriedade de implementação das cotas raciais nos programas de pós-graduação. Por meio da pesquisa bibliográfica e da análise documental dos principais marcos legais que nortearam a implementação das cotas raciais em todos os Programas de pós-graduação da Universidade Federal de Alagoas, foi possível constatar as dificuldades em torno da legitimidade negra em ocupar um lugar na universidade, pois o racismo científico é um mecanismo eficiente que produz silêncios, apagamentos e mortes dos sujeitos que se encontram em postos de subalternização.