Propõe-se a abordagem da branquitude como naturalização do lugar de privilégio dos brancos, entendendo a existência de uma dimensão simbólica altamente eficaz para fins de reprodução das estruturas sociais, onde os sistemas escolares de ensino são essenciais para tanto. Nesse sentido, a branquitude se constitui como caminho profícuo para a interpelação das relações raciais na sociedade brasileira e, portanto, das práticas de racismo. Como mecanismos invisibilizados de poder, os pactos da branquitude (Bento, 2022) operam para a atribuição de privilégios simbólicos e materiais a grupos definidos racialmente, no sentido sociológico do termo, articulando-se aos marcadores de gênero, classe social e fenótipo (Schucman, 2020). Por se originar historicamente dos processos coloniais e de toda violência física impetrada, e também dos supostos universalismos europeus, seja em termos de valores ou de conhecimento – dimensão simbólica -, as referências da branquitude cristalizaram-se em sistemas escolares que tendem a reproduzir esses “universais”. As lutas pela decolonialidade dos saberes e a abertura a epistemologias marginalizadas, reconhecimento à validade e à importância de outros referenciais e conhecimentos ocorrem contra visões monopolizadoras de mundo, baseadas em referências eurocêntricas tanto nas abordagens de conteúdo como na valorização das experiências de mundo.